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Hidrovia Paraná Paraguai: os projetos anteriores e seus danos

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Pesquisadores e representantes de organizações não governamentais da Bolívia, Paraguai, Argentina e Brasil; pescadores e líderes de comunidades pantaneiras reuniram-se em Cuiabá no início de maio, para tratarem dos problemas do Pantanal e da Bacia do Alto Paraguai. Um tempo maior foi dedicado ao debate sobre a Hidrovia Paraguai Paraná.

O contexto

No contexto dos sucessivos megaprojetos da Hidrovia ao longo das últimas décadas, a história das ações e estratégias da sociedade civil, particularmente, da Coalizão Rios Vivos, para confrontar o empreendimento, foram importantes para entender as atuais propostas. As articulações no passado tiveram grandes resultados sobre a Hidrovia, sendo inclusive marco inicial de algumas organizações.

Elias Peña – Hidrólogo que desenvolveu a concepção do Sistema Paraná Paraguai de Áreas Úmidas

Elias Peña pertence à Sobrevivência – Amigos de la Tierra Paraguay. Em sua apresentação, destacou a grande importância da Coalizão Rios Vivos, que em sua época foi composta por mais de 400 organizações da América do Sul, Estados Unidos e Europa, monitorou e incidiu sobre cada uma das tentativas governamentais para desenvolver o megaprojeto da Hidrovia. A Rios Vivos publicou análises, estudos e outros documentos (Confira aqui alguns deles), até hoje utilizados como referência sobre o Sistema Paraná Paraguai de Áreas Úmidas e os impactos da Hidrovia. Um conjunto de estratégias de sucesso que também são referência para a sociedade.

 

O Sistema Paraguai Paraná de Áreas Úmidas
O Sistema Paraguai Paraná de Áreas Úmidas

 

Mauricio Galinkin – Engenheiro e economista

Maurício Galinkin participou da Coalizão desde seu início como pesquisador e coordenador da Cebrac. Em Cuiabá, trouxe várias informações sobre os trabalhos realizados à época, inclusive, lembrando da tese de doutorado “Tecendo a sociedade civil global e ampliando a esfera pública: a articulação dos atores civis ante o projeto Hidrovia Paraguai-Paraná”, defendida no Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo, a qual traz os desdobramentos das principais estratégias e ações contra a Hidrovia por ONGs e movimentos sociais ligados à Coalizão Rios Vivos. Maurício coordenou os estudos “Quem paga a Conta” e “Impactos do projeto da Hidrovia Paraguai-Paraná: uma avaliação preliminar”.

 

Elias Peña e Maurício Galinkin durante reunião em Cuiabá (Foto: Iasmim Amiden)
Elias Peña e Maurício Galinkin durante reunião em Cuiabá (Foto: Iasmim Amiden)

 

Também no marco Hidrovia:

Izidoro Salomão – Coordenador da Sociedade Fé e Vida

Izidoro lembrou da criação do dia do rio Paraguai em 14 de novembro de 2001 – data que passou a ser comemorada a cada ano -, como um marco da vitória sobre o megaprojeto. Ele considera que a Hidrovia é o fim da vida no Pantanal tal como a conhecemos, como se pode depreender ao analisar muitas das propostas do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) realizado pela Universidade Federal do Paraná e divulgado em 2017. As análises sobre esse estudo, debatidas em Cuiabá, serão apresentadas em textos posteriores.

Izidoro Salomão durante debate sobre Hidrovia em Cuiabá (Foto: Miguel Angelo)
Izidoro Salomão durante debate sobre Hidrovia em Cuiabá (Foto: Miguel Angelo)

Conclusão

As referências históricas neste bloco dos debates mostraram que é possível partir agora de um patamar elevado na articulação em defesa do Pantanal e do Sistema Paraná Paraguai de Áreas Úmidas, o que é extremamente necessário, tendo em conta as graves ameaças que se multiplicam sobre a região – que foram debatidas durante o evento em Cuiabá, como informamos em publicação prévia.

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