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Pesquisadores e líderes comunitários manifestam durante 37º Festival Internacional de Pesca Esportiva

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Ato durante o 37º Festival Internacional de Pesca Embarcada (FIPe), em Cáceres
Ato durante o  37º Festival Internacional de Pesca Embarcada (FIPe), em Cáceres
Ato durante o 37º Festival Internacional de Pesca Esportiva (FIPe), em Cáceres/MT

Via Cáceres Notícias
Por Gabriela Juns, assessora do Comitê Popular do Rio

Jovens, professores e lideranças comunitárias de 12 regiões pantaneiras manifestaram neste domingo, 10, em defesa do Pantanal por inteiro, berço de muitas espécies e região em que vive a maior parte da população do estado do Mato Grosso. Em um barco, na largada do 37º Festival Internacional de Pesca Esportiva (FIPe), e em terra, próximo às autoridades presentes, os manifestantes estenderam faixas dizendo “Não há peixe nem FIPe sem Pantanal conservado”. Na sequência, em frente à SEMATUR, encenaram a pulverização com agrotóxicos em uma família de agricultoras e agricultores pantaneiros, representando o mal que o agronegócio causa à vida.

“Não somos contra o FIPe, somos contra a destruição do Pantanal. O Pantanal é berço dos peixes e não há FIPe sem peixes”, esclarece Isidoro Salomão, membro do Comitê Popular do Rio Paraguai-Pantanal, que faz parte do coletivo de militantes que se manifestou.

“O Pantanal é uma região com muitos rios, uma rica flora e fauna e também com indígenas, quilombolas, povos tradicionais, ribeirinhos e ribeirinhas e assentados e assentadas que têm seu sustento na agricultura familiar”, lembra dona Miraci Pereira Silva, do assentamento Roseli Nunes em Mirassol D’Oeste. O Pantanal faz parte da maior zona úmida de água doce do mundo e suas águas compõem as áreas úmidas de cinco países: Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai. Este sistema de áreas úmidas desempenha um papel regulador entre os níveis de cheias e secas dos rios que o compõe, proporciona água doce para o consumo humano e irrigação para a agricultura, além de fornecer alimentos para milhões de pessoas que vivem em suas margens.

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Pesquisadores e líderes comunitários levantam cartazes pedindo a conservação do Pantanal

Apesar de sua importância, o Pantanal e a cultura pantaneira encontram-se diante de cinco grandes ameaças.

HIDROVIA – Um projeto de hidrovia no Rio Paraguai, de Cáceres (MT) a Corumbá (MS). Para viabilizá-la, é necessário escavar o leito do rio, causando impacto na velocidade, na composição da água, e afetando o ecossistema das áreas úmidas e as atividades econômicas locais.

HIDRELÉTRICAS – As usinas hidrelétricas, pequenas ou grandes, já instaladas nos rios do Pantanal têm causado impactos reais na fauna aquática, como a diminuição de peixes e água. Ao todo são 50 usinas em operação das 178 planejadas na bacia do Rio Paraguai, e não há estudos dos impactos sobre os efeitos sinérgicos de tantas hidrelétricas nesse ecossistema.

MONOCULTURAS E AGROTÓXICOS – O agronegócio instalado nas regiões da bacia hidrográfica que alimenta o Pantanal, com seu modelo de monoculturas de oja e de cana, altamente dependentes de agrotóxicos, vem contaminando as águas. Pesquisadores já encontraram resíduos químicos em peixes, na fauna pantaneira e em humanos.

MINERAÇÃO – A mineração contamina o solo e as águas não só da região em que é instalada, mas também de toda a bacia hidrográfica a jusante de onde está inserida. Além disso, tem impactos sociais locais.

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Encenação do despejo de agrotóxicos em família, durante FIPe

Portanto, a história de um Pantanal apenas de natureza exuberante não é totalmente realidade. “Nós da sociedade civil temos consciência de que o Pantanal começa nas nascentes de suas águas localizadas em maior parte no Cerrado brasileiro e se estende por cinco países. Portanto, se considerarmos essa realidade, 73% da população mato-grossense vive na região da bacia pantaneira. Nossa luta é pelo Pantanal por inteiro e não pela metade”, afirma Salomão.

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