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Amazônia e Pantanal. Ministério do Meio Ambiente faz reunião no Planalto para avaliar cenários para 2025 quanto à seca. Ecoa monitora as condições hidrológicas e climáticas no Pantanal

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Imagens feitas com drone mostram o assoreamento no rio APA próximo ao seu ponto de desaguamento no rio Paraguai. Foto: Fernanda Cano - Acervo Ecoa

Por Alcides Faria, biólogo e diretor da Ecoa

Uma reunião no Palácio do Planalto, organizada pelo MMA (Ministério do Meio Ambiente) e relatada na Folha de São Paulo, traçou cenários climáticos para a Amazônia e o Pantanal para 2025, tendo como possibilidade uma nova condição de seca.

A Ecoa adquiriu com o tempo, através de análises, estudos e suas redes na Bacia do Alto Paraguai, onde está o Pantanal, razoável expertise no monitoramento climático e hidrológico da região. Na história mais recente, Fernanda Cano e Alcides Faria, membros da Ecoa, estruturaram dados e desenvolveram análises que auxiliam na construção de cenários quanto a secas e cheias no Pantanal. Dentre as fontes deste trabalho está a publicação diária dos níveis do rio Paraguai, feita pela Marinha do Brasil, até as divulgações do Centro de Previsões Climáticas (CPC para a sigla em inglês) dos Estados Unidos quanto às condições das águas no Pacífico e a caracterização do El Niño, La Niña e a Fase Neutra. O trabalho desenvolvido por Cano e Faria é um suporte para a preparação frente a eventos extremos.

Fernanda e Alcides registraram que há uma coincidência entre a Fase Neutra (ocorre entre o El Niño e La Niña) com maiores secas no Pantanal e chuvas mais intensas com o La Niña – são hipótese em estudo, registre-se. Neste momento as análises indicam a necessidade de trabalhar com o pior cenário: o de seca a partir de abril. O CPC, em seu último “Climate News” informa que as condições de La Niña tem até 59% de probabilidade de se manter entre fevereiro – abril, com uma transição provável para a Fase Neutra durante março-maio (60% de probabilidade).

VEJA MAIS: Secas no Pantanal: indicações de relação com a Fase Neutra, entre o El Niño e La Niña

Fernanda, que recentemente apresentou uma proposta de doutorado para uma universidade para analisar os processos climáticos e hidrológicos na bacia do rio Paraguai e suas conexões com os fenômenos observados no Pacífico, identificou em viagens de trabalho para a parte Sul do Pantanal, que sub-bacias como as do rio Miranda e do rio Apa, estão com pouquíssima água até agora, diferentemente da parte Norte da bacia do rio Paraguai, onde as chuvas são intensas.

 

Foto: Fernanda Cano – Acervo Ecoa

Preparação e desafios

A Ecoa investe no planejamento estratégico e o fortalecimento das brigadas comunitárias como caminhos para enfrentar a crise. Em 2024, apesar da severidade da seca, o Pantanal registrou menos incêndios graças a esses esforços.

VEJA MAIS: Por que o Pantanal queimou menos em 2024 do que em 2020, mesmo com uma seca mais intensa?

Para combater os incêndios m 2025, o governo federal segue por ações como a regulamentação da Lei do Fogo, que deve contar com medidas obrigatórias de prevenção a queimadas, inclusive para fazendeiros, e a ampliação da capacidade de atuação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Monitoramento contínuo e ação integrada

O território da planície pantaneira ocupado pelas águas após o ciclo de chuvas na bacia do rio Paraguai é um fator importante para traçar cenários para o período de seca – mais território ocupado menor possibilidade de incêndios, inclusive tendo-se em conta a recuperação das águas subterrâneas.

Seguimos na expectativa de mais chuvas.

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