//

Brasil Fraturado – Comissão rejeita proibição de exploração do gás de xisto por cinco anos

4 minutos de leitura
A fratura hidráulica, conhecida como fracking, vem sendo utilizada por empresas de extração de petróleo e gás natural para aumentar a produtividade.

A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviço rejeitou o Projeto de Lei 6904/13, do deputado Sarney Filho (PV-MA), que suspende a exploração do gás de xisto pelo período de cinco anos.

Conforme o texto, durante esse tempo, o Poder Público deverá fixar regras para a exploração do gás, de modo a evitar danos ao meio ambiente e prover a segurança das pessoas que atuam na indústria. Além disso, o governo deverá revisar critérios vigentes para a concessão de autorizações de exploração e promover estudos para atualizar a tecnologia de exploração do gás, tornando-a ambientalmente sustentável e segura para os trabalhadores.

O autor da proposta destaca que a exploração do xisto foi proibida pelo menos em dez países, por estar associada a graves prejuízos ao meio ambiente. “No atual processo de extração do gás – chamado de faturamento hidráulico –, as rochas são explodidas ou fraturadas, com a injeção de água, areia e um coquetel de produtos químicos”, explica Sarney Filho. “Faz-se uso de uma grande quantidade de água, que é devolvida ao meio ambiente como rejeito altamente poluído”, complementa.

O deputado acrescenta que já existem indicações de que o ciclo produtivo de eletricidade com gás de xisto emite grande quantidade de gases de efeito estufa.

Regulação

Deputado Silas Brasileiro foi contrário a proibição do fracking que causa sérios problemas a saúde humana. Foto: Gabriela Korossy
Deputado Silas Brasileiro foi contrário a proibição do fracking que causa sérios problemas a saúde humana. Foto: Gabriela Korossy

O parecer do relator, deputado Silas Brasileiro (PMDB-MG), foi contrário à proposta. Segundo ele, já existe no Brasil um ato regulatório que atende aos objetivos da proposta – a Resolução da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) 21, de 2014.

Ele aponta que a resolução estabelece os requisitos a serem cumpridos pelas empresas exploradoras que utilizarão a técnica do faturamento hidráulico. Entre eles, o estabelecimento e o cumprimento de um Sistema de Gestão Ambiental e a inclusão, dentre as especificações do projeto de faturamento hidráulico, dos riscos relacionados à atividade.

O relator ressalta ainda que a exploração do gás de xisto representa oportunidade para que o Estado arrecade impostos associados aos investimentos e à produção de gás natural; induz à geração de empregos; e gera impactos positivos sobre a balança comercial.

Tramitação

Já aprovada pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, a proposta será analisada agora pelas comissões de Minas e Energia; de Finanças e Tributação; e de Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Em seguida, será analisada pelo Plenário.

Fonte: Lara Haje e Regina Assumpção – Agência Câmara

Deixe uma resposta

Your email address will not be published.

Mais recente de Blog

Lula não listou hidrovias. Em um evento na via Dutra, no Rio de Janeiro, Lula respondeu a um questionamento sobre falta de ferrovias no Brasil, afirmando que “O Brasil não precisa apenas de rodovias. Precisa de ferrovias. E precisa recuperar a sua cabotagem. Porque a gente precisa de transporte marítimo, rodoviário e ferroviário. É esta combinação intermodal que vai permitir que o nosso país dê um salto de qualidade”. No caso da Hidrovia Paraguai Paraná pretendida pela ANTAQ – dragagens e derrocagens – seria um bom sinal? Com as chuvas e recuperação do nível do rio Paraguai a Hidrovia voltou a operar em seu ritmo normal, o que é muito positivo.