Criança saindo da escola e indo pra casa - Porto da Manga, no período de cheia no Pantanal, em 2006. Foto: Ecoa

Mudanças Climáticas

A Ecoa vem atuando no cenário das mudanças climáticas no Pantanal desde 2010, quando da criação de projeto financiado pelo Fundo de Defesa do Direito Difuso, ligado ao Ministério da Justiça, que gerou o “Plano de Prevenção, Mitigação e Adaptação aos eventos climáticos extremos ocorridos no Pantanal” (2015), com desdobramentos como:

– a estruturação e condução de uma Rede sobre Mudanças Climáticas, composta por pesquisadores, comunidades pantaneiras, membros de organizações governamentais e não governamentais;

– a construção de casas adaptadas a eventos climáticos extremos, construídas na Comunidade da Barra do São Lourenço e na Comunidade do Porto da Manga;

– o desenvolvimento de cartilhas didáticas sobre o tema como a “Reaprendendo com os ciclos hidrológicos do Pantanal”;

– a elaboração de um mapa interativo, onde são localizadas as comunidades da Bacia do Alto Paraguai (BAP) e como são impactadas pelas alterações climáticas, principalmente pelos eventos climáticos extremos;

– o desenvolvimento de um Sistema de Monitoramento, Comunicação e Alerta, que dispara mensagens de texto (SMS) e boletins informativos das condições e previsões sobre rios que abastecem o Pantanal, direcionados para membros da Rede de Mudanças Climáticas – Pantanal, mas acessíveis a todo o público;

– o trabalho sinérgico de prevenção, apoio e recuperação frente aos incêndios no Pantanal, que contempla a formação de brigadas comunitárias, recuperação de áreas e nascentes dentro de Unidades de Conservação de Uso Sustentável, no Pantanal, campanha permanente, entre outros.

“Nesses anos todos o maior problema eram as cheias extraordinárias que prejudicavam as populações ribeirinhas com as quais a gente trabalha, em especial a Comunidade Tradicional da Barra do São Lourenço. Tivemos a felicidade de sermos contemplados por alguns projetos que impulsionaram a Agenda. Foram dois projetos principais, que ao todo tiveram cerca de oito anos de duração. Mais recente, temos cada vez mais presente a situação dos incêndios, que devastam a região, e nós temos trabalhado na linha de frente do combate e buscado apoio para que estas ações sejam permanentes”, André Luiz Siqueira, diretor presidente da Ecoa e coordenador dos projetos em questão. 

Saiba mais sobre os trabalhos desenvolvimentos pela Ecoa no âmbito da Agenda de Mudanças Climáticas:

Publicação: Plano de Prevenção, Mitigação e Adaptação aos Impactos de Eventos Climáticos Extremos no Pantanal

“Plano de Prevenção, Mitigação e Adaptação aos eventos climáticos extremos ocorridos no Pantanal”

A Ecoa elaborou o “Plano de Prevenção, Mitigação e Adaptação aos eventos climáticos extremos ocorridos no Pantanal” (2015) com a finalidade de fornecer bases para um processo de construção democrática da cidadania, para que assim, pudessem ser estruturadas medidas mitigadoras para as populações pantaneiras frente às suas vulnerabilidades.

Adotou-se que eventos climáticos extremos são cheias, secas, vendavais, ciclones tropicais, geadas, estiagens prolongadas, chuvas de granizo, até alterações de temperatura. São eventos que causam grandes impactos em todo o planeta, e que se tornam desastres naturais e calamidades, devido ao grau de impacto ou prejuízo provocado pelo ser humano.

O propósito deste Plano foi o de apresentar as alterações ambientais e climáticas significativas ocorridas no Pantanal, no Brasil, durante o ano de 2010, e os impactos socioambientais identificados junto às comunidades pantaneiras, bem como propostas para a prevenção, mitigação e adaptação a estes acontecimentos.

Esse Plano foi difundido para toda a região do Pantanal via representantes da Coalizão Cerrado e Pantanal e entregue aos representantes de governo das três esferas de poder público para subsidiar Políticas Públicas.  

Foto: Iasmim Amiden – Ecoa

Casas adaptadas a eventos climáticos extremos no Pantanal

Elevadas em palafitas com sistema de captação e tratamento de água, piso e telhado com placas de material reciclado e à prova de fogo, as casas adaptadas foram concebidas pelos arquitetos Juliano Thomé e Bruno Pasello, na Comunidade da Barra do São Lourenço (Pantanal).

A construção contou com o apoio do: Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF), Receita Federal, Secretaria do Patrimônio da União (SPU), Departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus Pantanal (UFMS/CPAN), e foi reconhecida como tecnologia social pela Fundação Banco do Brasil (FBB).  

Cartilha “Reaprendendo com os ciclos hidrológicos do Pantanal”

A cartilha contém dados sobre o clima e alterações antrópicas que contribuem para a degradação ambiental no Pantanal e, consequentemente, com as mudanças climáticas. Segundo um trecho deste documento:

“Cheias e secas são características naturais do Pantanal, entretanto, eventos extremos vêm acontecendo nos últimos anos afetando de maneira negativa comunidades vulneráveis que habitam o Pantanal. Em 2011, uma grande cheia fez com que a subida das águas fosse rápida, o que acarretou no isolamento de inúmeras comunidades e provocou grandes prejuízos econômicos para diversos setores, principalmente, para o turismo e pecuária”.

Mapa interativo

Nesse Mapa é possível acessar a localização geográfica das comunidades da Bacia do Alto Paraguai, as Estações Fluviométricas instaladas na Bacia e ações antrópicas como queimadas e represas. No Mapa também é possível ter acesso a informações como características sociais, territoriais e/ou culturais das comunidades.

O mapa auxiliou na elaboração de um Sistema de Monitoramento, Comunicação e Alerta. Soma-se a este trabalho, o levantamento feito pelo biólogo Me. André Luiz Siqueira, a socióloga Me. Nathalia Ziolkowski e a bióloga Me. Vanessa Spacki, em um extenso trabalho de campo durante a execução do Projeto Clima Pantanal.

Percorreram cerca de 13 mil quilômetros, sendo 9.000 km por terra, 2.800 km por ar e 1.200 km por água, e entrevistaram moradores/as da cidade e do campo, pescadores/as, coletores/as de isca, piloteiros/as, pequenos/as agricultores/as, pecuaristas, representantes de grupos sindicais destas categorias, bem como pessoas ligadas ao turismo. Dos 50 grupos e localidades visitadas, 42 estão identificadas no Mapa:

Visualizar o mapa em tela cheia 

Sistema de Monitoramento, Comunicação e Alerta

O Sistema desenvolvido pela Ecoa serve para alertar e manter as famílias do Pantanal e membros da Rede de Mudanças Climáticas Pantanal informadas sobre eventos climáticos extremos e sobre possíveis danos causados por alterações climáticas na região.

O Sistema emitiu o seu primeiro alerta em 23 de fevereiro de 2018. Além das mensagens por SMS, o Sistema gerou, no ano de 2018, boletins, disponíveis para download, de modo que toda a comunidade interessada pôde acompanhar a situação de previsão para os principais rios da Bacia do Alto rio Paraguai.

No entanto, os boletins foram suspensos devido à falta de dados oficiais sobre estações determinantes para a previsão de eventos climáticos extremos no Pantanal.

O Sistema consolida uma grande rede de comunicação com centenas de famílias e, por isso, ainda é utilizado pela Ecoa para outras finalidades como para as informações sobre a Covid-19. Com a chegada da pandemia, a Ecoa passou a emitir comunicados e alertas para famílias pantaneiras, de modo a mantê-las seguras e informadas sobre a situação.

Foto: Guto Akasaki – Ecoa

Rede de Mudanças Climáticas Pantanal

Ainda na Agenda de Mudanças Climáticas, a Ecoa articulou a criação da Rede de Mudanças Climáticas Pantanal, sendo consolidade no dia 19 de novembro de 2014. Este processo surgiu a partir das principais demandas das comunidades e da sociedade, dentre elas a premência por políticas públicas que tratem de medidas preventivas e adaptativas frente aos eventos climáticos extremos ocorridos nos últimos anos.

Na alta bacia do rio Paraguai, onde está o Pantanal, os eventos observados nos últimos anos vão da seca extrema – caso de 2008 – a grandes cheias com danos para comunidades e a economia regional, particularmente o turismo e a pecuária.

Em 2011, por exemplo, uma repentina cheia na bacia do rio Miranda (MS) causou prejuízos acima dos 200 milhões de reais para os pecuaristas pantaneiros, segundo cálculos da Embrapa Pantanal. Este mesmo evento teve multiplicado seus efeitos pela excepcional permanência das águas, o que impediu o turismo na região da Estrada Parque e que famílias que vivem no Porto da Manga, nas margens do rio Paraguai, pudessem seguir sua rotina durante 8 meses.

Foto: Jean Fernandes – Ecoa

A Rede atua na Bacia do Alto Paraguai (BAP), no Pantanal, e articula com ações no Sistema Paraná- Paraguai de Áreas Úmidas e na Bacia do rio da Prata.

Dentre os objetivos da Rede se destacam o de promover a articulação entre sociedade civil, instituições governamentais e não-governamentais, pesquisadores e comunidades para tratar dos processos relacionados aos eventos climáticos extremos e seus impactos sobre o ambiente, a sociedade e, particularmente, as populações mais vulneráveis; e desenvolver ferramentas que facilitem o aprendizado e preparação da sociedade para a prevenção e mitigação de danos de eventos climáticos extremos, no intuito de integrar os diferentes atores no processo de elaboração e entendimento no Pantanal e outras regiões.