Foto: Iasmim Amiden

Programa Oásis

– O desaparecimento de polinizadores, principalmente abelhas, é um dos problemas mais graves enfrentados atualmente pela humanidade. Sem eles ou com sua redução, os ecossistemas são menos produtivos e os impactos negativos para a economia e a sociedade são multiplicados.

– Algumas das causas são claras e comprovadas por pesquisas: o desmatamento, as queimadas e o uso de agrotóxicos.

– Os pesticidas são apontados como uma das principais causas para o fenômeno global chamado de “Colapso das Colmeias” e a mortandade de bilhões de abelhas no Brasil. Muitas vezes, os efeitos dos venenos, principalmente os agrícolas, são cumulativos, enfraquecendo as colmeias com a consequente redução na produção de mel.

– Pesquisa da Universidade de Neuchâtel e do Jardim Botânico de Neuchâtel, Suíça, mostra a contaminação do mel pelos neonicotinóides em todos os continentes – exceto Antártida – e, praticamente, em todas as regiões do Brasil.

– A Ecoa enviou para a Universidade de Neuchâtel amostras de méis de 6 regiões do Pantanal para saber da contaminação por agrotóxicos. Uma dessas regiões é foi a base da Ecoa na Serra do Amolar. Não encontraram os neonicotinóides em nenhum dos méis enviados.  

– O Programa Oásis visa a proteção dos polinizadores em diferentes nichos, incluindo cidades. Os projetos e ações do Programa compreende pesquisas em diferentes áreas, incluindo a das mudanças climáticas; a educação com relação às diferentes espécies e seu papel nos ambientes; os riscos do uso de pesticidas na cidade e no meio rural; a contenção de desmatamentos; a formação de brigadistas contra queimadas e a produção apícola e de abelhas nativas sem ferrão em regiões livres de agrotóxicos, dentre outras iniciativas de acordo com cada região.

 

Proteção

A proteção e mesmo a recuperação da fauna de polinizadores é um desafio global que deve ser enfrentado de imediato. Deles dependem os ecossistemas e sua diversidade biológica e mesmo a sobrevivência da espécie humana, pois são fundamentais na produção de alimentos.  Mas como fazê-lo?

O Programa Oásis visa a proteção dos polinizadores em diferentes nichos, incluindo cidades. Os projetos e ações do Programa compreendem pesquisas; a educação com relação às diferentes espécies e seu papel nos ambientes; os riscos do uso de pesticidas na cidade e no meio rural; a contenção de desmatamentos; a formação de brigadistas contra queimadas e a produção apícola e de abelhas nativas sem ferrão em regiões livres de agrotóxicos, dentre outras medidas. Os efeitos das mudanças climáticas localmente também devem ser analisados.

As ações para proteção devem ocorrer com o envolvimento de comunidades rurais, produtores/as de mel, proprietários/as de terras e outros grupos, incluindo cidadãos/ãs urbanos/as. Uma das ferramentas para desenvolver os diferentes processos necessários para a proteção é a metodologia Ciência Cidadã. Em essência, as medidas são associadas para a salvaguarda prioritariamente de regiões que possam servir de verdadeiros Oásis para a proteção das espécies, principalmente em áreas não desmatadas e sem uso de agrotóxicos. Em outras regiões, o Programa de proteção pode ser desenvolvido com planos específicos para suas características.

 

O Pantanal

O Pantanal, uma planície de 190 mil km2, possui uma grande e particular diversidade biológica, condição dada pelo fato de ser o ambiente de encontro de diferentes biomas – Amazônico, Cerrado, Mata Atlântica, Chaco e Bosque Seco Chiquitano – e ter uma dinâmica particular determinada pelas águas. Por essa razão, algumas de suas regiões foram escolhidas como prioritárias para as ações do Programa Oásis.

As pesquisas no Pantanal têm mostrado que existem potenciais benefícios como grande disponibilidade de água e alimento para as abelhas e outros polinizadores. Condições também favoráveis às atividades geradoras de renda como a produção de mel.

Polinizadores no Pantanal. Imagem: Carolina Pauliquevis.

Pesquisa

A realização de pesquisas científicas nas regiões priorizadas é essencial para se entender as dinâmicas das espécies de polinizadores e, assim, se estabelecer condições permanentes para a proteção. É necessário, também, que identifiquem com segurança elementos mais complexos que causam danos particularmente às abelhas, como é o caso dos pesticidas do grupo dos neonicotinóides. Uma pesquisa da Universidade de Neuchâtel e do Jardim Botânico de Neuchâtel, Suíça, identificou a contaminação do mel pelos pesticidas em todos os continentes – exceto Antártida – e, praticamente, em todas as regiões do Brasil, à exceção do Pantanal.

 

Produção

A produção de mel de diferentes espécies de abelhas é um meio de promover a proteção, incluindo as nativas sem ferrão, ao mesmo tempo em que gera renda de modo ambientalmente adequado para famílias rurais. Alguns Projetos Piloto são desenvolvidos pela Ecoa – um deles apenas com mulheres -, os quais mostram potencial para consolidar-se e replicação como atividade geradora de renda para núcleos familiares no Cerrado e no Pantanal.

Reinaldo Nogales, técnico da Ecoa, faz a coleta de mel na Serra do Amolar. Foto: arquivo Ecoa.

O trabalho inclui a formação técnica para a produção comercialmente viável, com práticas associadas à conservação e proteção de espécies polinizadoras. Outra abordagem é a garantia da qualidade do mel – importante hoje, dada a possibilidade de contaminação devido ao uso intensivo de agrotóxicos, dentre outros.

A expectativa é que o mel alcance consumidores especiais por suas qualidades e garantias, incluindo a experiência gastronômica com os sabores regionais, ampliando a procura e seu valor no mercado.