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2016 foi o ano mais quente de que se tem registro

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Por El País

O ano passado foi o mais quente desde que começaram os registros e o terceiro consecutivo em que a Terra bate os recordes de temperatura registrados, um feito sem precedentes. A Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência das Nações Unidas, confirmou nesta quarta-feira que a temperatura mundial em 2016 se situou 1,1 grau centígrado acima da registrada na era pré-industrial e foi 0,07 grau maior que a constatada em 2015.

“O ano passado foi extremo para o clima global e se destaca como o mais quente desde que se tem registro”, afirmou Petteri Taalas, o secretário-geral da OMM. “Os indicadores no longo prazo das mudanças climáticas provocadas pelos humanos alcançaram máximas em 2016”, acrescentou em um comunicado. “As concentrações de dióxido de carbono e de metano também atingiram novos recordes”, assinalou.

“Também superamos os recordes mínimos de gelo no Ártico e na Antártida”, alertou Taalas, que especificou que o Ártico está se aquecendo duas vezes mais rápido que a média mundial.

No total, 15 dos 16 anos mais quentes de que se tem registro foram neste século. O único ano do século anterior foi 1998.

A OMM se baseou em dados da Agência Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA, da NASA, do Instituto Meteorológico do Reino Unido, do Centro Europeu sobre Previsões Meteorológicas e da unidade de pesquisa sobre o clima da Universidade de East Anglia (Reino Unido).

Os dados confirmam a mudança drástica que a atividade humana está causando no clima global e chegam em um momento de incerteza. A comunidade internacional chegou em 2016 a um acordo histórico contra a mudança climática. Mas o novo presidente dos EUA, Donald Trump, é um negacionista do aquecimento global e disse que poderia tirar seu país do acordo.

Embora o acréscimo da temperatura média tenha se acelerado no final do século XIX, este se acentuou sobretudo nos últimos 35 anos, já que 16 dos 17 anos mais calorosos registrados aconteceram desde 2001. As emissões de gases de efeito estufa são as principais culpadas do aquecimento registrado, assegurou a NASA em um comunicado.

Em 2015 e no primeiro terço de 2016, registrou-se um aquecimento adicional associado ao fenômeno El Niño, que se origina no Oceano Pacífico e muda o clima a nível global. Esse fenômeno aumentou a temperatura média em 2016 em 0,12 graus, explicou a NASA. “Não esperamos que a partir de agora a cada ano volte a ser o mais quente, mas a tendência do aquecimento em longo prazo é clara”, ressaltou Gavin Schmidt, diretor do Instituto Goddard de Análise Espaciais da NASA.

Que 2016 seja o ano mais quente “não é uma surpresa”, mas é “preocupante que, inclusive sem El Niño, as temperaturas alcançassem cifras recorde” explicou Dave Reay, da Universidade de Edimburgo, ao Science Media Centre. Mark Maslin, climatólogo do University College de Londres, assinala que, com os novos dados na mão, é preciso “abandonar a ideia de que houve uma pausa na mudança climática”, pois esta “não mostra nenhum indício de estar retrocedendo”. “O ano mais quente registrado deve ser um alarme que nem sequer o presidente eleito Donald Trump pode ignorar”, ressaltou.

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