A tese tem como objetivo desenvolver o entendimento de sistemas pesqueiros de planícies inundáveis.
O primeiro capítulo apresenta uma descrição da estrutura social das comunidades de pesca, meios de subsistência e história de uso de recursos e ocupação. Novas informações sobre esse grupo até então não publicadas exploram seu modo de vida e os casos de expulsão do seu território durante a criação de Áreas Protegidas.
O segundo capítulo de dados analisa a gestão dos sistemas pesqueiros, examinando a ideia espalhada por tomadores de decisão que comunidades locais acabaram com o peixe. Os resultados mostram que não há sobrepesca. Pelo contrário, o uso dos pescadores é caracterizado por mecanismos sustentáveis como mobilidade, território e reciprocidade. A discussão explora por que essas características podem desempenhar papéis igualmente importantes em outros sistemas pesqueiros ao redor do mundo.
O terceiro capítulo de dados discute a posse da propriedade da terra em planícies de inundação, usando como exemplo o conflito entre gestores de áreas protegidas do Pantanal, pescadores e procuradores. Uma abordagem multidisciplinar do uso de recursos, do acesso e da propriedade, com base na economia, antropologia e ecologia, mostra a importância de entender a posse da terra em planícies de inundação de maneira multidisciplinar, de modo a ajudar as políticas de gestão a mapear melhor as realidades locais e resolver conflitos.
O ultimo capítulo examina criticamente as soluções de priorização que procuram promover o desenvolvimento sócio-ecológico. A aplicação do Planejamento Sistemático de Conservação no Pantanal mostra que a presença de reservas fixas não é incompatível com a natureza em constante mudança do Pantanal e as necessidades dos pescadores locais. Sistemas sócio-ecológicos dinâmicos, como as pescarias de várzea, exigem adaptação contínua.