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Entidades que combatem as queimadas em MT e MS buscam estratégias integradas para salvar o Pantanal

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O diretor de Projetos e Programas da Ecoa, André Siqueira no evento

Representantes do terceiro setor, do Corpo de Bombeiros, Brigadas Voluntárias comunitárias e privadas se reuniram para um curso de aperfeiçoamento em Corumbá

O  Pantanal é a maior área úmida contínua do planeta. Com aproximadamente 150.355  km², ocupa 1,76%  do território brasileiro. Essa “paisagem de exceção”, como é conhecida também, surge do encontro de ecossistemas do Cerrado e do Chaco, além de abrigar espécies do Nordeste seco e da região periamazônica. Apesar de ser um local megadiverso, o Pantanal enfrenta nas queimadas e na seca o seu maior desafio. 

O fogo é uma das grandes ameaças a fauna e flora da região. Segundo o Mapbiomas, cerca de 50% do Pantanal já foi atingido por queimadas. A falta de diálogo entre os poderes e entidades dos dois estados brasileiros que abrigam o Pantanal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, é outro desafio.

Foi para mitigar esse problema, que ECOA, com apoio do Serviço Florestal Canadense, e entidades parceiras, como o Prevfogo/Ibama, ofereceram o “Curso Sistema de Comando de Incidentes (SCI-200)  para as instituições parceiras/resposta aos incêndios florestais no Pantanal”, que aconteceu em março, em Corumbá (a 426 km de Campo Grande), com a participação de cerca de 30 pessoas. 

“A Ecoa tem uma relação com o tema incêndios no Pantanal há mais de 20 anos, desde campanhas ou fazendo escola em relação à formação de Brigadas Comunitárias Voluntárias. Mais recentemente com tudo o que o Pantanal vem passando a partir de 2019, e aí obviamente com todos os efeitos dos eventos climáticos extremos, quando a gente pensa em prevenção e previsão pro clima em relação a incêndios, nós também começamos a trabalhar o aspecto do incidente”, avalia André Siqueira, diretor de Projetos da Ecoa.

 

Leonardo Gomes, SOS Pantanal

 

Brigadas e representantes do terceiro setor participando do curso

Para a Tenente Coronel do Corpo de Bombeiro Militar de Mato Grosso, Priscila Megier,  o curso foi uma oportunidade para troca de conhecimento. O curso trouxe um novo olhar sobre como as propriedades privadas e entidades não governamentais podem integrar suas ações. Nesse contato, aqui em Corumbá,  tivemos oportunidades de conhecer realidades diferentes, e a partir deste novo olhar sobre as outras entidades, começamos a ampliar a nossa visão sobre o comando e da gestão da ocorrência em si. Seja no bioma Pantanal, seja em outras regiões. Afinal, para o fogo não há fronteira”, afirmou a Tenente-coronel Pryscilla, que também integra o Batalhão de Emergências Ambientais em Mato Grosso. 

 

Tenente-coronel do Corpo de Bombeiro Militar de Mato Grosso, Pryscilla Megier

Para as brigadas privadas a troca ajudou na atualização, afirmou Bruno Henrique Carvalho,  biólogo do Projeto Onçafari na Fazenda Perigara. Uma das regiões mais atingidas pelo fogo em 2020, em Mato Grosso. “Depois do grande incêndio de 2020, trabalhamos muito o que poderia ser adquirido para combate a incêndio, mas esse curso vem dar um novo olhar para a gente, pois agora sabemos otimizar mais o que temos para melhor gestão. Esse exercício e coordenação integrada é muito importante, pois aprendemos como utilizar a informação de forma coletiva”, explica Bruno.

Para os servidores dos órgãos ambientais, já acostumados com a metodologia SCI, o curso foi uma oportunidade de se criar uma uniformização dos procedimentos entre todas as brigadas e entidades. “A importância desse encontro é criar um caminho para que todas as instituições falem a mesma língua durante um incidente de fogo. Para evitar que se discuta comandos e, e focamos nas práticas.  O simulado foi uma boa forma de já irmos trabalhando o que foi transmitido”, explicou Thainan Bornato, do Prevfogo/Ibama de Corumbá. 

Bruno Henrique Carvalho, biólogo do Projeto Onçafari na Fazenda Perigara

 

Thainan Bornato, do Prevfogo/Ibama de Corumbá.

 

Juliana Arini

Jornalista

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