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Conheça a Bacia do Prata

16 minutos de leitura

Texto originalmente publicado em 20 de agosto de 2015

Área, População e outros números

Com uma área de mais de 3,1 milhões de km² a Bacia tem a população distribuída da seguinte maneira: 100% do Paraguai; quase 90% do Uruguai; mais de 80% da Argentina; 55% da Bolívia e 54% do Brasil. Buenos Aires, Montevidéu, Assunção e Brasília, quatro capitais, têm seu território na Bacia.

Suas coordenadas extremas estão compreendidas entre os meridianos 67° 00′ e 43° 35′ e os paralelos 14° 05′ e 37° 37′,

grafico-bacia-do-prata

Os três principais rios que formam a Bacia são o Paraná (4.352 km), o Paraguai (2.459 km) e o Uruguai (1.600 km). O estuário do Prata é o maior do mundo, medindo 256 km de extensão.

A bacia do rio da Prata (CIC)
A bacia do rio da Prata (CIC).

 

 

Grande parte do processos históricos/políticos que determinaram o desenho atual dos 5 países tiveram como cenário a Bacia, na verdade centro de disputas entre Espanha e Portugal no período colonial. A independência dos 5 países vem na esteira de acontecimentos na Europa no começo do século dezenove com a invasão da Península Ibérica por Napoleão. A Bacia foi palco de eventos sangrentos como a Guerra do Paraguai (Paraguai/ Brasil, Argentina e Uruguai) e a Guerra do Chaco (Bolívia/Paraguai).

Nos últimos 50 anos a região basicamente deixou a condição de um mundo rural de relativamente baixo impacto ambiental para tornar-se um território de intensa atividade industrial e agrícola, com forte mercado consumidor e exportação de commodities para a Europa, Estados Unidos, China e outras regiões.

 

 

 

Economia

Mesmo sabendo que o Produto Interno Bruto (PIB) é um conceito que vem sendo cada mais questionado por não ser uma medida adequada para a real produção de riqueza de um país ou região e que muito do que nele é contabilizado pode ser considerado como uma descapitalização – situação que ocorre quando se vende petróleo, por exemplo -, é importante o registro de que o PIB da bacia do Prata chega a mais de 70% daquilo que é contabilizado para o calculo a cada ano nos cinco países. Talvez ajude a dimensionar melhor o tamanho econômico da região ter em conta que em termos territoriais, ela representa apenas 24% do total das áreas dos países.

É a maior produtora de grãos do mundo, exportados principalmente para a Europa e Ásia, e tem a maior produção de cana e biocombustíveis da América do Sul. Concentrada na parte brasileira da bacia do rio Paraná, a área cultivada com cana ultrapassa os 9 milhões de hectares, o que gera uma colheita aproximada de 600 milhões de toneladas/ano.

Nos últimos 50 anos a região basicamente deixou a condição de um mundo rural de relativamente baixo impacto ambiental para tornar-se um território de intensa atividade industrial e agrícola, com forte mercado consumidor e exportação de commodities para a Europa, Estados Unidos, China e outras regiões.

Mesmo sabendo que o Produto Interno Bruto (PIB) é um conceito que vem sendo cada mais questionado por não ser uma medida adequada para a real produção de riqueza de um país ou região e que muito do que nele é contabilizado pode ser considerado como uma descapitalização – situação que ocorre quando se vende petróleo, por exemplo -, é importante o registro de que o PIB da bacia do Prata chega a mais de 70% daquilo que é contabilizado para o calculo a cada ano nos cinco países. Talvez ajude a dimensionar melhor o tamanho econômico da região ter em conta que em termos territoriais, ela representa apenas 24% do total das áreas dos países.

É a maior produtora de grãos do mundo, exportados principalmente para a Europa e Ásia, e tem a maior produção de cana e biocombustíveis da América do Sul. Concentrada na parte brasileira da bacia do rio Paraná, a área cultivada com cana ultrapassa os 9 milhões de hectares, o que gera uma colheita aproximada de 600 milhões de toneladas/ano.

Nos últimos 50 anos a região basicamente deixou a condição de um mundo rural de relativamente baixo impacto ambiental para tornar-se um território de intensa atividade industrial e agrícola, com forte mercado consumidor e exportação de commodities para a Europa, Estados Unidos, China e outras regiões.

 

O rio Paraguai nasce na Chapada dos Parecis, no Mato Grosso. Ao longo do seu percurso rumo ao sul, recebe vários afluentes importantes como o Cuiabá, o São Lourenço, o Taquari, o Miranda e o Negro. Sua bacia hidrográfica abrange uma área de 1.095.000 km², sendo 33% no Brasil – Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – e o restante na Argentina, Bolívia e Paraguai.

A região se divide em duas áreas principais hidrográficas: Planalto (215.963 km²), com terras acima de 200 metros de altitude, e Pantanal (147.629 km²), que são terras abaixo de 200 metros de altitude, com baixa capacidade de drenagem e sujeitas a grandes inundações.

Considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta, o Pantanal funciona como um grande reservatório que retém a maior parte da água oriunda do Planalto e regulariza a vazão do rio Paraguai.

 

Bacia do rio Paraná

A região onde está localizada a bacia do Paraná é de grande importância para o Brasil. Ela é a mais a mais desenvolvida economicamente e onde vive 32% da população brasileira. Ocupa 10% do território nacional (879.860 km²) e se divide entre os Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Distrito Federal.

bacia-rio-parana-mapaA Bacia recebe esse nome por ter o rio Paraná como seu principal formador. Com uma extensão de 2.750 km até sua foz, o Paraná tem como principais afluentes o Paranaíba e o Grande.

A região hidrográfica se subdivide em seis grandes rios: Grande, Iguaçu, Paranaíba, Paranapanema, Paraná e Tietê, apresentando uma vazão média correspondente a 6,5% do total do país.

A Bacia do Paraná também é a que possui a maior capacidade de produção (59,3% do total nacional) e demanda (75% do consumo nacional) de energia do país. Existem 176 usinas hidrelétricas na região, com destaque para Itaipu, Furnas, Porto Primavera e Marimbondo.

– Um caso estudado pela Ecoa: a sub-bacia do rio Ivinhema

Bacia do Rio Uruguai

No Brasil a Bacia do rio Uruguai localiza-se nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ocupando uma área de 174,4 mil km2. Nela vive uma população aproximada de 3,8 milhões de pessoas. Ela é compartida com Uruguai e Argentina.

– Iniciativa Hidropolítica – a bacia do Uruguai como tema

Os impactos ambientais mais evidentes estão relacionados com o lançamento de esgotos in natura de seus principais centros urbanos (Lages, Chapecó, Erechim, Uruguaiana, Alegrete) e o uso intensivo de agrotóxicos em suas áreas rurais. Afora isso, isso deve-se considerar efluentes de atividades intensivas como a suinocultura, a avicultura, a mineração e das indústrias de celulose.

A presença governamental

O Comitê Intergovernamental Coordenador dos Países da Bacia do Prata (CIC) e o Tratado do Prata*

Em 1969 os Governos da Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram o Tratado da Bacia do Prata, principal instrumento legal vinculante no âmbito da Bacia. Por meio deste Tratado, consolidou-se o Comitê Intergovernamental Coordenador dos Países da Bacia do Prata (CIC), como o órgão promotor de seus objetivos. O CIC havia sido criado em fevereiro de 1967, durante a Primeira Reunião de Chanceleres da Bacia do Prata, oportunidade na qual os Governos partícipes concordaram em efetuar um estudo conjunto e integral da área, com vistas à realização de obras multinacionais, bilaterais e nacionais destinadas ao progresso e desenvolvimento da região. A institucionalidade para a integração regional foi fortalecida em seguida, pelo Tratado de Assunção, que criou o MERCOSUL (1991), com o mandato de incentivar o comércio intra-regional e internacional dos países que o integram. Desde sua criação, o CIC se concentrou em áreas de interesse comum dos cinco países, favorecendo a realização de estudos, programas e obras de infraestrutura em temas de hidrologia, recursos naturais, transporte e navegação, solos e energia. Em particular, foi importante o estudo compreensivo dos recursos naturais da Bacia do Prata, realizado pela OEA, na década de 70, que permitiu orientar ações dos países para o aproveitamento de potencialidades de energia e transporte (CIC-OEA, 1973) e pelos quais foram localizadas zonas ambientalmente críticas, como as sub-bacias dos rios Pilcomayo e Bermejo, caracterizadas pelos maiores índices mundiais de erosão e transporte de sedimentos e o da sub-bacia do Alto Paraguai-Pantanal, pelo valor de seu ecossistema de áreas úmidas e seu papel chave na regulação hídrica do conjunto da Bacia do Prata.

O Tratado da Bacia do Prata, assinado em Brasília, no dia 23 de abril de 1969, e em vigor desde 14 de agosto de 1970, é o instrumento jurídico imaginado por Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai, para institucionalizar a •exploração integrada, racional e harmônica do vasto sistema hidrográfico, que se expande na região centro-meridional do Continente Sul Americano.

Mudanças climáticas

Nos últimos anos, eventos climáticos extremos chamaram a atenção na Bacia do rio da Prata, especialmente no Pantanal. São cheias entre as maiores registradas, secas inesperadas em algumas regiões e a propagação do fenômeno da decoada – diminuição do oxigênio da água – causando a mortandade de peixes em escala nunca antes registrada.

Em 2011, houve cheias com efeitos danosos, além de decoadas em pelo menos três regiões distintas: Parque Nacional / Barra do rio São Lourenço; no rio Negro e, na parte sul do Pantanal, na região de Porto Murtinho, na fronteira com o Paraguai.

Em 2008, houve o fenômeno inverso: seca. Baías (lagoas) e corixos de parte da bacia do rio Miranda, entre os meses de junho e outubro, secaram precocemente e assim os coletores de iscas para a pesca turística não tiveram os meios para sua sobrevivência. Esta situação levou a uma drástica redução da renda familiar, obrigando-as a buscar alternativas de trabalho e renda para a sobrevivência. Esta conjuntura específica levou mais de 80% deste grupo ao degradante trabalho nas carvoarias da região, contribuindo para o aumento do desmatamento no Pantanal.

Em 2020, houve a maior queimada das últimas décadas, que destruiu 4,5 milhões de hectares, 30% de todo o Pantanal. Esse fenômeno cobriu os rios com cinzas.

Mapear, analisar, capacitar e propor medidas mitigatórias são os caminhos apontados pela Ecoa para que as populações mais vulneráveis da região estejam preparadas para enfrentar grandes alterações em seu ambiente natural.

*Texto retirado de documento do CIC

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