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Mudança climática agravou em 40% condições para incêndios no Pantanal, aponta estudo

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incêndios no pantanal - 2019 - foto via prevfogo ibama ms
Mudanças climáticas favorecem cenário para incêndios no Pantanal. Créditos: Prevfogo Ibama.

Com informações de ClimaInfo e Folha

  • A mudança climática agravou em 40% as condições para os incêndios no Pantanal, aponta um estudo comissionado e divulgado pelo Climainfo.
  • O aquecimento do planeta leva a cenário mais quente, seco e ventoso no bioma, que vive novo recorde de queimadas.

Jorge Abreu – FSP – 8/8/2024

As mudanças climáticas agravaram em 40% as condições de seca, calor e vento no Pantanal, que levam aos incêndios recordes que assolam o bioma neste ano, aponta um estudo divulgado nesta quinta-feira (8).

A pesquisa, realizada pela rede internacional de cientistas WWA (World Weather Attribution), concluiu também que as alterações no clima causadas pelas ações humanas aumentaram de quatro a cinco vezes as chances de ocorrerem no Pantanal as queimadas catastróficas de junho, mês utilizado para a análise.

De acordo com Filippe Lemos Maia Santos, cientista brasileiro que participou do estudo, os incêndios massivos estão se tornando a nova realidade do bioma. A área alagada, característica da região, está diminuindo, diz ele, à medida que as temperaturas aumentam, tornando a vegetação mais seca e inflamável.

“Esses fatores combinados criaram condições perfeitas para os incêndios florestais de grandes proporções, pois a vegetação seca se torna altamente inflamável e as condições meteorológicas são favoráveis à propagação rápida das chamas”, afirma Santos.
A temporada de seca ainda não chegou no seu auge, por isso a situação crítica pode se manter nos próximos meses, ressaltam os pesquisadores. Tradicionalmente, o pico das queimadas no Pantanal ocorre em setembro, mas, em 2024, a temporada de fogo está antecipada.

“A temporada atual de incêndios no pantanal geralmente ocorre entre julho e novembro e está frequentemente associada a ignições humanas. Segundo nossos estudos, somente 1% dos incêndios florestais são associados a raio”, frisa Santos.
Para frear os efeitos das mudanças climáticas, os cientistas destacam a urgência da substituição dos combustíveis fósseis por energia renovável, além reduzir o desmatamento e reforçar as proibições de queimadas controladas para enfrentar o impacto dos incêndios florestais, que afetam comunidades indígenas e agricultores.

A atribuição climática busca determinar a influência do aquecimento global em eventos climáticos extremos. O grupo WWA é pioneiro nesse campo, realizando estudos rápidos com a participação de cientistas globais. Primeiro, é verificado se o evento foi extremo comparado a registros históricos.

Depois, os cientistas usam um método revisado por pares para comparar cenários “com e sem” a influência humana no aquecimento global.
Eventos extremos fazem parte da variabilidade climática natural e sempre têm várias causas. Mas é possível montar modelos porque se sabe a quantidade exata de gases de efeito estufa que foram jogados na atmosfera pelas atividades humanas (principalmente, pela queima de combustíveis fósseis e pelo desmatamento) desde a Revolução Industrial.

Assim, basta criar um cenário com e outro sem essa variável e verificar a frequência e a intensidade com que aquele evento extremo ocorre em cada um deles. Como a única diferença entre os dois é o aumento da temperatura, pode-se apontar o tamanho da culpa das mudanças climáticas em cada caso.

Antes das mudanças climáticas que já deixaram o mundo ao menos 1,2°C mais quente em relação à era pré-industrial, as condições de clima para incêndios observadas em junho eram extremamente raras –esperadas apenas cerca de uma vez a cada 161 anos.

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