- Técnicos da Ecoa informam resultados de observação de campo relacionados a produção de mel.
- Na Serra do Amolar (Corumbá, MS) produção reduziu-se a metade.
Os efeitos dos incêndios não acabam com o apagar das chamas. Após as queimadas que atingiram o Pantanal nos últimos anos, seus impactos seguem atingindo a fauna, flora, o que causa efeitos negativos para a população. A apicultura, atividade desenvolvida e apoiada pela Ecoa por meio do programa Oásis de Proteção aos Polinizadores, é uma fonte de renda que sofre diretamente com as consequências dos incêndios e da seca que atinge a região desde 2019.
Atualmente, as abelhas estão com poucas opções de alimento, já que parte da vegetação que fornecia flores foi destruída pelo fogo. Cleberson Bervian, biólogo, especialista em apicultura e consultor da Ecoa, viajou ao longo do rio Paraguai, a montante de Corumbá (MS), e visitou algumas regiões, dentre elas porto Amolar e Paraguai-Mirim. Na viagem, identificou que o cenário é preocupante: “A seca está comprometendo muito a flora e sua floração. Dá para ver que tem pouca floração nas árvores que sobreviveram. A previsão de chuva também não anima.”
Cleberson afirma que é perceptível que diversas espécies de plantas como cambarás, ingá, assa-peixe, que são procuradas por abelhas, não conseguiram se recuperar após os incêndios. Outras, como o algodãozinho, plantas que crescem próximo à água, sofrem com a seca e diminuíram a florada.
Reinaldo Nogales é o responsável pela base da Ecoa na Serra do Amolar. Nascido e criado no Pantanal, afirma estar muito preocupado com o cenário pós-incêndios. “A seca e o fogo afetaram muito o nosso Pantanal, foi isso por dois anos seguidos. Esse ano já está tudo seco, a maioria das árvores copadas que davam flores, morreu e está morrendo tudo. não tem como colher quantidade boa de mel, nossa florada é muito pouca”.
Reinaldo é tecnicamente formado em apicultura tendo como professor Cleberson Bervian, tornando-se também apicultor. Nos incêndios de 2021 no Pantanal atuou bravamente no combate e em um dos momentos mais dramáticos colocou suas colmeias em um barco, no meio do rio, para salvá-los.
Os polinizadores no Pantanal sofrem as consequências da seca e incêndios até hoje ?
Reinaldo Nogales, apicultor pantaneiro, brigadista e técnico da Ecoa fala sobre os impactos da seca e fogo para o Pantanal ? pic.twitter.com/q2U3JMkxuQ
— ECOA ? (@ecologiaeacao) July 29, 2022
Segundo Cleberson Bervian, os(as) apicultores(as) da região precisarão cuidar muito das abelhas para manter as colmeias durante o período de escassez de flores. “Elas refletem o que estão ao redor, não está nada diferente do ambiente externo. Vai ser necessário cuidar por um bom período e esperar que a natureza colabore com o início das chuvas e a vinda de florada”.