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América do Sul: seca, incêndios e fumaça mortal

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Os incêndios florestais e suas emissões resultaram em degradação da qualidade do ar em grande parte da América do Sul. A fumaça cobriu desde o Equador até São Paulo e outras regiões. Capitais como Campo Grande e Cuiabá estiveram com o sol encoberto quase todos os dias a partir de junho de 2024. As origens principais dessa fumaça foram os incêndios florestais ocorridos na Amazônia, no Pantanal e no Chaco – não apenas do Brasil, mas também da Bolívia, Paraguai e Argentina.

Imagens do satélite Copernicus Sentinel-5 Precursor (S5P) mostraram a extensão da fumaça na América do Sul e leituras totais com altos níveis de NO², particularmente sobre a Bolívia. NO² é um gás tóxico proveniente da queima de hidrocarbonetos e seus efeitos, dentre outros, sobre a saúde humana são o aumento da sensibilidade para a asma e à bronquite, principalmente em crianças, idosos e grupos com problemas respiratórios. Pesquisa na California indica a possibilidade de o gás estar relacionado síndrome da morte súbita em recém-nascidos. A seguir a situação em alguns países da América do Sul registrada nas últimas semanas.

Colômbia

Segundo a agência EFE, o governo colombiano suspendeu a partir de outubro as exportações de eletricidade para o Equador, devendo a decisão permanecer enquanto perdurar a seca que vive o país. O nível das represas está 16 % abaixo do previsto para novembro. A Colômbia vive desde janeiro uma seca que já provocou incêndios florestais em diferentes regiões e a diminuição no nível das represas.

Peru

No Peru, o governo declarou desde 18 de setembro emergência por 60 dias em 3 dos departamentos da Amazônia peruana, os quais enfrentavam àquela altura incêndios devastadores. Dezesseis pessoas morreram e 22 departamentos foram fortemente impactados.

América do Sul em chamas. Imagem do Fire Information for Resource Management (FIRMS) da NASA.
Equador

Mais de 1.300 incêndios florestais ocorreram em menos de um mês no Equador, tendo como razão principal a pior seca em seis décadas. Tal situação levou autoridades governamentais a declarar de “alerta vermelho” em 15 das 24 províncias do país no dia 19 de setembro.

O país enfrenta uma crise hídrica com a ausência prolongada de chuvas. As precipitações estão 90% abaixo do normal na serra andina, a mais afetada pelos incêndios. “A escassez de chuvas agravou o déficit hídrico em várias regiões, diminuindo a disponibilidade de água para combater os incêndios”, informou a Secretaria Nacional de Gestion de Riesgos (SNGR).

O Comitê de Operações de Emergência (COE) foi instalado e declarou alerta vermelho para 15 províncias do país, considerando “a costa, a serra e a Amazônia” informou Inés María Manzano, presidente do COE e ministra do Meio Ambiente. Entre as províncias em alerta vermelho, medida que permite priorizar recursos para enfrentar a emergência, está a andina Pichincha, onde está Quito.

A estiagem também causou problemas na produção agrícola, no fornecimento de água potável e na geração hidrelétrica. O governo central determinou cortes de energia. A seca prolongada, os fortes ventos e as altas temperaturas dificultam o trabalho dos bombeiros no combate aos incêndios, especialmente nas áreas montanhosas. Como em outros países, a maioria dos eventos foram provocados por ação humana. Cerca de 35.000 hectares de vegetação foram consumidos pelo fogo. O fogo deixou 11 pessoas feridas e mataram aproximadamente 45 mil animais nas fazendas.

Bolívia

Até o dia 30 de setembro o fogo afetou diretamente 101 comunidades, deixando mais de quatro mil famílias desabrigas. Várias casas foram queimadas. Após vários meses de incêndios e com mais de sete milhões de hectares devastados, o governo do presidente Luiz Arce declarou situação de “Desastre Nacional” – com validade de 9 meses – para permitir mobilizar mais recursos, tanto nacionais como internacionais, para combater incêndios e mitigar seus efeitos.

Patrulhas do governo identificaram pessoas colocando fogo em locais proibidos para se apropriarem de terras. A partir de junho a Ecoa mostrou várias vezes o trânsito do fogo ao longo da fronteira entre Brasil e Bolívia, situação que ainda se manteve até hoje, sete de outubro.

Imagem do Fire Information for Resource Management (FIRMS) da NASA, mostra os focos de calor ao longo da fronteira Bolívia-Brasil nas últimas 24 horas.
Chile

Incêndios mortais devastaram o Chile na primeira semana de fevereiro de 2024. A região de Valparaíso sofreu danos significativos. De acordo com a UNICEF, cerca de 65 mil hectares foram queimados durante fevereiro de 2024, e desses, cerca de 25% foram em Valparaíso. Na região vivem 300 mil pessoas.

Esses foram os incêndios florestais mais mortais da história do Chile e o desastre mais devastador no país desde o terremoto e tsunami de 2010. De acordo com o Serviço Nacional de Prevenção e Resposta a Desastres do Chile (SENAPRED) havia 165 incêndios ativos.

Seca

Matéria da Reuters de 20 de março informa que a seca histórica impactou quase todos os aspectos da vida no país, desde a produção de mineração até as áreas verdes na capital. O World Resources Institute classificou o Chile como um dos países com maior escassez de água do mundo, com risco de ficar sem abastecimento de água até 2040. Apesar de chuvas terem reabastecido alguns reservatórios no Centro e Sul do Chile no inverno passado, o Norte permaneceu seco, esgotando os reservatórios.

Registro

Este texto tem por base várias fontes e o monitoramento cotidiano feito pela Ecoa com relação aos incêndios no Pantanal (Bolívia, Paraguai e Brasil). Outros países enfrentaram problemas de incêndios na América do Sul, mas a opção foi o destaque para as regiões mais críticas.

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