////

As hidrelétricas contribuem ou impactam o meio ambiente e as populações?

3 minutos de leitura
Foto: Jean Fernandes

Via Climainfo

O Congresso Mundial de Hidrelétricas acontece nesta semana, em Paris, sob uma série de perguntas: as hidrelétricas são, de fato, renováveis? É possível construir uma hidrelétrica sem impactos ambientais e sem impactos sociais? Sob que condições vale a pena construí-las?

Para preparar as discussões, foram lançados dois relatórios. O primeiro, fruto de um trabalho conjunto do WWF e da TNC (The Nature Conservancy), tem o sugestivo título de “Conectado e Fluindo: um futuro renovável para rios, clima e pessoas“.

O foco do trabalho é quase uma resposta a um artigo científico publicado na semana passada que constatou que ⅔ dos grandes rios do mundo têm barragens atrapalhando o fluxo de suas águas.

O relatório conclui que o rápido crescimento das gerações eólica e fotovoltaica permite que se escolha os aproveitamentos hidrelétricos que apresentem realmente impactos muito pequenos.

Mark Lambrides, diretor da TNC, diz que “pela primeira vez mostramos como a revolução da energia renovável oferece uma oportunidade para planejar a combinação correta de fontes renováveis na matriz elétrica e, ao mesmo tempo, evitar a fragmentação de rios, o deslocamento de comunidades e contribuir para a perda de água doce e seus peixes que alimentam milhões.”

A Water Power Magazine e a Economic Times da Índia comentaram o trabalho. O WWF mantém uma página sobre a importância de rios livres de obstáculos que vale uma olhada.

De seu lado, a Associação Internacional de Hidrelétrica (IHA) também publicou um relatório com os números do aumento de capacidade, aumento de energia gerada.

O relatório não economiza no uso das palavras ‘renovável’, ‘limpa’ e ‘sustentável’. Mas a palavra ‘adaptação’ é mencionada uma única vez em um trecho sobre resiliência climática. E só fala dos impactos que as hidrelétricas sofrem e dos que ela evita. Não há menção aos impactos por elas produzidos.

A Ecoa também produziu estudos sobre as hidrelétricas na Bacia do Alto rio Paraguai que mostram como as barragens alteram, consideravelmente, o ambiente onde são inseridas, como o Pantanal. Por exemplo, alterações no pulso de inundações na planície pantaneira, prejudicando a biodiversidade da região, limitando a migração de peixes que sobem os rios para reprodução e retendo organismos aquáticos importantes para a alimentação de animais.

Além disso, os consideráveis impactos sociais, tendo em conta a existência de comunidades ribeirinhas ao longo dos rios a serem barrados.

Deixe uma resposta

Your email address will not be published.

Mais recente de Blog

Lula não listou hidrovias. Em um evento na via Dutra, no Rio de Janeiro, Lula respondeu a um questionamento sobre falta de ferrovias no Brasil, afirmando que “O Brasil não precisa apenas de rodovias. Precisa de ferrovias. E precisa recuperar a sua cabotagem. Porque a gente precisa de transporte marítimo, rodoviário e ferroviário. É esta combinação intermodal que vai permitir que o nosso país dê um salto de qualidade”. No caso da Hidrovia Paraguai Paraná pretendida pela ANTAQ – dragagens e derrocagens – seria um bom sinal? Com as chuvas e recuperação do nível do rio Paraguai a Hidrovia voltou a operar em seu ritmo normal, o que é muito positivo.