Por Deutsche Welle
O Banco Mundial anunciou nesta segunda-feira (3) que disponibilizará aos países em desenvolvimento 200 bilhões de dólares (cerca de R$ 767 bilhões) para investimentos em ações de proteção ao clima. A cifra representa o dobro do valor previsto para os próximos cinco anos, estabelecido durante as negociações do Acordo de Paris, em 2015.
Segundo a instituição, a medida, anunciada em meio à 24ª Conferência da ONU sobre o clima (COP 24), que ocorre na Polônia, representa uma aumento significativo na ambição de lidar com as mudanças climáticas, além de enviar “um sinal importante para que a comunidade internacional faça o mesmo”.
As nações em desenvolvimento se comprometeram a aumentar os gastos públicos e privados anuais combinados para 100 bilhões de dólares até 2020, para combater o impacto das mudanças climáticas. Segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), os valores gastos por esses países na proteção ao clima foram de 48,5 bilhões de dólares em 2016 e de 57,6 bilhões em 2017.
Em comunicado, o Banco Mundial afirma que a própria instituição financiará aproximadamente 100 bilhões de dólares do total de 200 bilhões anunciado. Em torno de um terço do financiamento virá de duas outras agências do Banco Mundial, com o restante sendo fornecido por capitais privados levantados pelo grupo.
“Se não reduzirmos as emissões [de gases causadores do efeito estufa] e não nos adaptarmos agora, teremos 100 milhões de pessoas vivendo na pobreza até 2030”, alertou o executivo sênior para mudanças climáticas da instituição, John Roome. “Também sabemos que, se não lidarmos proativamente com esse problema, apenas em três regiões – África, Ásia e América Latina – teremos 133 milhões de migrantes em razão do clima”, afirmou.
Roome acrescentou que, no ano fiscal de 2018, iniciado em junho de 2017, o Banco Mundial destinou 20,5 bilhões de dólares à proteção ao clima, em comparação com a média anual de 13,5 bilhões no período de 2014 a 2018. Segundo o executivo, o novo valor corresponde a cerca de 35% de todos os financiamentos do Banco Mundial.
Parte significativa desse financiamento será dedicada à redução das emissões, principalmente através de estratégias para o desenvolvimento de energias renováveis. Segundo a instituição, outra prioridade é aumentar o apoio à adaptação ao clima, uma vez que milhões de pessoas já lidam com os efeitos das condições climáticas extremas.
Essas medidas incluem a construção de edificações resistentes aos climas extremos e a descoberta de novas fontes de água potável, uma vez que o aumento do nível do mar pode contaminar as reservas existentes.
“Ao incrementar o financiamento à adaptação direta para chegar a 50 bilhões de dólares entre [os anos fiscais de] 2021-2025, o Banco Mundial vai, pela primeira vez, dar ênfase igual a esse objetivo, ao lado dos investimentos para reduzir as emissões”. Afirma a nota da instituição.
Sobre questões como o aumento do nível do mar e a maior ocorrência de enchentes e secas, a CEO do Banco Mundial, Kristalina Georgieva, afirma que é necessário “combater as causas, mas também se adaptar às consequências que costumam ser dramáticas para as populações mais pobres do mundo”.
“Mesmo se conseguirmos manter o aquecimento global em 2º C, sabemos que será necessária uma grande quantidade de adaptações em lugares como o Chade, Moçambique ou Bangladesh”, acrescentou Roome.
Representantes de quase 200 países iniciaram neste domingo em Katowice, na Polônia, duas semanas de conversações sobre as mudanças climáticas e como implementar as medidas para manter o aquecimento do planeta abaixo de 2º C, como estabelecido pelo Acordo de Paris. A COP 24 começa oficialmente nesta segunda-feira e prossegue até 14 de dezembro.
Na foto de capa migrantes fugindo, entre outras coisas, das mudanças do clima. Crédito: Massimo Sestini/Marinha Italiana