Brigadistas comunitários voluntários da Barra do São Lourenço, Binega e Amolar, comunidades localizadas às margens do rio Paraguai, em Corumbá (MS), participaram da Oficina de Educação Ambiental no Manejo Integrado do Fogo (OEAMIF – Prevfogo/IBAMA). O evento de dois dias, realizado na Escola Municipal Rural Polo São Lourenço, contou com a presença de brigadistas do Parque Nacional do Pantanal, professores da escola e equipe do Prevfogo/IBAMA, sendo conduzido por Thainan Bornato, coordenadora substituta do Prevfogo em MS, e por Marcos Guedes, do Serviço de Operações – SOP/CMC/Prevfogo/Dipro.
Brigadista Educador
A dinâmica “Brigadista Educador” mostrou que, além do combate, o papel do brigadista inclui educar e prevenir. Os participantes refletiram sobre o perfil ideal de um brigadista, listando valores internos e equipamentos necessários para a realização do trabalho. A atividade gerou discussões sobre a importância das brigadas voluntárias, os desafios que enfrentam e a necessidade de parcerias entre as comunidades para manejarem a área que ocupam e trabalharem juntas para a prevenção e combate do fogo.
Fogo Bom e Fogo Ruim e Dinâmica da Ilha
Na dinâmica, grupos listaram benefícios e malefícios do fogo, reforçando que seus efeitos dependem do manejo. Já na “Dinâmica da Ilha”, uma alusão à dança das cadeiras, participantes representaram animais perdendo território para o fogo. Ao final, com o Manejo Integrado do Fogo, os animais tiveram suas ilhas devolvidas e voltaram a habitá-las. Thainan Bornato relembrou os milhões de animais que morreram no Pantanal devido aos incêndios florestais de 2020.
Os brigadistas comunitários confirmaram que sentem o impacto do desequilíbrio da fauna causado pelos incêndios: relataram grande aumento na quantidade de carrapatos, ratos e mosquitos, animais que interferem no dia a dia e na produção de alimentos, pois seus predadores naturais foram consumidos pelo fogo.
Comunicação e Território
A dinâmica do “Telefone sem fio” ilustrou, de forma lúdica, como a falta de comunicação clara distorce informações, destacando a importância de esclarecer dúvidas. Isso se conectou ao Sistema de Controle de Incidentes (SCI) e à estrutura ideal de uma brigada. Na dinâmica do “Mapa Falado”, com apoio do livro “É Fogo! Pantanal”, produzido pelo Cemaden Educação, foram criados três grupos, cada um desenhou sua região, identificando áreas de atuação, conflitos, pontos turísticos e degradados, aumentando a consciência sobre o território que protegem.
Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo
No segundo dia, foi apresentada a Lei nº 14.944/2024, que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo (PNMIF). Bornato explicou as novas exigências para proprietários de terra e como isso pode gerar oportunidades de trabalho para brigadistas comunitários, como aconteceu quando a RPPN Jaguarte contratou brigadistas comunitários para realizarem trabalho de prevenção para proteger os 45ha da reserva.
Os participantes aprenderam sobre os princípios, diretrizes e governança da PNMIF, incluindo a criação do Comitê Nacional e a futura plataforma Sisfogo, em desenvolvimento pelo Prevfogo/IBAMA para integrar e disponibilizar dados sobre incêndios e manejo do fogo.
Plano de ação conjunto
Sob orientação de Marcos Guedes, a oficina terminou com a criação de um plano de ação. As brigadas e professores se dividiram em dois grupos para elaborar projetos. Ambos os grupos definiram iniciativas para restaurar áreas queimadas com o plantio de árvores nativas e frutíferas, estabelecendo objetivos, metodologia, cronograma e parceiros.
A oficina capacitou os participantes para atuarem como multiplicadores na prevenção, educação ambiental e promoção do Manejo Integrado do Fogo no Pantanal.
A oficina aconteceu dias 23 e 24 de agosto, com apoio financeiro do GEF Terrestre por meio do Funbio (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade), organizada pela Ecoa e ministrada pelo Prevfogo/IBAMA.
