Via NãoFrackingBrasil
Inspirada pelos posicionamentos do Papa Francisco na Encíclica ‘Laudato Si’, a Igreja Católica do Brasil desenvolverá na Campanha da Fraternidade 2017 o tema ‘Biomas brasileiros e a defesa da vida’ e o lema ‘Cultivar e guardar a criação’.
“Devemos proteger as nascentes e cobrar a recuperação da mata ciliar, não permitir projetos econômicos em áreas de preservação permanente e lançar luzes sobre a questão do fracking, bem como criar um novo arranjo de convívio e de relacionamento dos humanos entre si e com a natureza”, afirmou o Bispo de Umuarama, Dom Frei João Mamede Filho, em coletiva para o lançamento da campanha realizada na manhã desta quinta-feira, 23.
Para Dom Mamede, além do aumento da população e do modo de viver em aglomerações, o crescente poder técnico-científico de intervenção da natureza e o desejo exacerbado de lucro são fatores que contribuem para destruição da Casa Comum. “Já não basta cuidar e proteger os espaços de forma fragmentada, é preciso incluir o ser humano nessa visão global, conforme ensina o Papa Francisco. Cada ferida e cada arranhão na natureza revelam a destruição do humano e da sociedade”, completa.
Sob o comando de Dom Mamede, a Diocese de Umuarama é primeira da América Latina a aderir ao desinvestimento dos combustíveis fósseis, campanha internacional idealizada pela 350.org. A proposta é reduzir as emissões de gases de efeito estufa, a fim de tornar-se uma Diocese de Baixo Carbono junto com outras instituições religiosas em todo o mundo. O lançamento aconteceu em diversas dioceses brasileiras simultaneamente, uma preparação para o início da campanha após o carnaval.
Não Fracking Brasil
A Diocese de Umuarama é parceira da 350.org Brasil e membro da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida – nas campanhas do desinvestimento em combustíveis fósseis e na proibição do fraturamento hidráulico, ou fracking.
De acordo com Reginaldo Urbano Argentino, presidente regional da Cáritas do Paraná e Coordenador de Desinvestimento da 350.org Brasil, coordenador de Campanhas Regionais da COESUS, “o fracking é um dos maiores vilões da indústria dos combustíveis fósseis porque provoca contaminação da água, destruição do solo e subdesenvolvimento na região onde a exploração do gás da morte acontece”.
Reginaldo lembrou que a inclusão da temática do fracking na Campanha da Fraternidade 2017 se deve à necessidade de protegermos e cuidarmos das reservas de água, da produção de alimentos e da população. “A Campanha da Fraternidade deste ano nos convida a refletir sobre a exploração dos recursos naturais e a agir para defender toda a criação divina. Impedir que fracking avance no mundo é fundamental para contermos os impactos das mudanças climáticas, que hoje afetam principalmente as pessoas que menos contribuem para agravamento do aquecimento global”, asseverou Reginaldo.
Em todo o Brasil, mais de 280 cidades já aprovaram leis municipais que proíbem operações sugeridas pela COESUS e 350.org Brasil e estão livres da contaminação e dos testes sísmicos. Centenas de outras cidades continuam a debater o banimento nas Câmaras de Vereadores em vários estados brasileiros.
Desinvestimento
Organizado pela 350.org, acontece de 5 a 13 de Maio o Movimento Global pelo Desinvestimento que irá promover centenas de ações em cidades de todo o mundo exigindo o fim de projetos fósseis, causadores do aquecimento do planeta. 2016 foi confirmado como o ano mais quente da história, e os impactos das mudanças climáticas são sentidos cada vez com mais força em todas as partes do mundo. E 2017 já está batendo todos os recordes.
“Na América Latina, o último El Niño, um dos mais longos e mais severos já registrados, trouxe tanto secas quanto fortes tempestades, causando a morte e o sofrimento de várias pessoas e intensificando ainda mais a situação de pobreza de comunidades já socialmente vulneráveis”, lembra Nicole Figueiredo de Oliveira, diretora da 350.org Brasil e América Latina.
Em Umuarama, no dia 6 de Maio, acontece a Grande Vigília Climática pela Criação e pelos Refugiados Climáticos na Catedral Divino Espírito Santo como uma das ações do movimento no Brasil. O objetivo é chamar atenção para as mudanças climáticas e seus impactos para a biodiversidade e para a humanidade.