A Ciência Cidadã é uma ferramenta crucial para a execução do projeto ‘Restauração Estratégica e Participativa no Pantanal’, que deve restaurar 58 hectares de área degradada na Área de Proteção Ambiental (APA) Baía Negra, em Ladário, Mato Grosso do Sul. No último dia 11, moradores locais foram treinados para fazer uso do aplicativo de celular Sapelli, utilizado pela Ecoa para coleta de dados e integrar comunidades em projetos científicos. O projeto é executado pela Ecoa e financiado pelo Fundo Brasileiro para Biodiversidade (Funbio).
O Sapelli será utilizado no projeto para coletar informações sobre a restauração de 11 hectares degradados pela mineração e outros 47 hectares invadidos pela leucena, planta exótica que inviabiliza o crescimento de espécies nativas. Com os dados obtidos, será possível monitorar a evolução do trabalho, mapear pontos de atuação e adaptar estratégias implantadas. O intuito é que, de agora em diante, os monitores realizem visitas quinzenais e acompanhem fatores como a presença de fogo, crescimento de mudas nativas, desenvolvimento de leucenas e estágio de degradação.
O aplicativo utilizado pode ser moldado para diferentes situações, investigações científicas e adequado para utilização das comunidades no processo. Além disso, o software utiliza somente figuras, o que permite que a coleta seja feita por crianças, pessoas não letradas, idosos e pessoas com deficiências visuais. A participação ativa da comunidade no processo de coleta de dados é característica da Ciência Cidadã, definida por Thiago Miguel como “uma abordagem científica que visa diminuir a distância entre a academia e a sociedade”.
Um dos moradores locais que tiveram interesse em participar da coleta de dados é o agricultor Galdino Rodrigues da Silva, de 66 anos. Galdino relata que não costuma utilizar o celular, mas que o treinamento possibilitou a familiarização com o aparelho e aplicativo. “Aprendi muito com o treinamento, consegui tirar umas fotos boas e deu para entender bem como utilizar. Quis ajudar porque é um projeto importante, restaurar é muito importante, e a coleta aumenta o bom conhecimento”.
Entre as vantagens da utilização da Ciência Cidadã, estão a agilidade na logística, diminuição de custos e aumento na frequência de acompanhamento. Segundo o biólogo Thiago Miguel, trabalhar com monitores da região também permite que a comunidade se sinta parte do projeto. “Os moradores se integram e também acabam aprendendo sobre os aspectos dos aspectos da restauração ambiental. Além disso, o contato direto deles vai permitir que a gente esteja a par do que está acontecendo em tempo real”.
Ao longo dos últimos anos, a Ecoa utilizou o aplicativo em outros projetos de restauração, mapeamento e zoneamento de território, como no desenvolvimento do Mapa Interativo do Corredor Extrativista Pantanal-Cerrado e no projeto Cadeia Socioprodutiva do Baru: agregando renda às famílias agroextrativistas no MS e a proteção do Cerrado.
Confira mais imagens do treinamento para utilização do Sapelli: