Entre os dias 13 e 15 de outubro, foram realizados os primeiros testes para o controle de leucenas na Área de Proteção Ambiental (APA) Baía Negra, em Ladário, Mato Grosso do Sul. A leucena é uma planta exótica de fácil propagação que inviabiliza o crescimento de espécies nativas, fator que a tornou um problema em diversas regiões do mundo. A supressão da espécie na APA Baía Negra é uma das atividades previstas no escopo do projeto Restauração Estratégica e Participativa no Pantanal, executado pela Ecoa e financiado pelo Fundo Brasileiro para Biodiversidade (Funbio).
A restauração deve ser realizada em 47 hectares dentro da APA invadidos pelas leucenas. Além disso, o projeto deve restaurar também outros 11 hectares de área degradada pela mineração. Ao longo de três dias de atividade, foram derrubadas centenas de leucenas localizadas ao longo da MS-480, estrada que atravessa a APA. Além disso, a ação foi importante para determinar questões logísticas para futuras ações, como ferramentas necessárias, tamanho de equipe, estratégias a serem adotadas e possíveis riscos.
O controle de leucenas e outras atividades do projeto conta com o apoio de membros do Laboratório Ecologia da Intervenção (LEI) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Felipe Borges, engenheiro agrônomo, mestre em Ecologia e Conservação e membro do LEI, explica que o trabalho será realizado a longo prazo e em etapas. “É um problema crônico. Você pode tirar um indivíduo adulto, mas a semente que está no chão vai brotar. Pensando nisso, a gente também quer estabelecer algumas equipes de brigadas de controle de leucenas, assim como temos a brigada de incêndios”.
Originária da América Central, a Leucena é uma leguminosa perene que se propaga facilmente em locais onde encontra oportunidade. O crescimento rápido e grande produção de sementes são fatores que propiciam o alastramento da espécie. Na APA Baía Negra, as quatro primeiras mudas da espécie foram plantadas há cerca de 20 anos. O agrônomo Felipe Borges explica que a leucena encontra pouca competição no Brasil. “A gente acaba precisando intervir para suprimir um pouco o crescimento dela e estimular o crescimento das nativas. Posteriormente, depois de suprimir as leucenas, a ideia é fazer implantação de mudas nativas”.