MapBiomas divulga o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil de 2023. No Cerrado foram perdidos 3.042 hectares por dia de vegetação nativa.
Fernanda Cano, gestora ambiental da Ecoa.
Em maio de 2024, o MapBiomas Brasil (rede colaborativa formada por ONGs, universidades e startups de tecnologia), divulgou o quinto Relatório Anual do Desmatamento no Brasil – 2023 (RAD 2023), onde apresenta um panorama abrangente do desmatamento em todos os biomas brasileiros. Os resultados apresentados no RAD 2023 estão divididos em temas:
Desmatamento por biomas:
– Desmatamento no Cerrado aumentou 67,7%, principalmente na região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) ultrapassando a Amazônia, com 1,11 milhão de hectares desmatados.
– O Pantanal apresentou aumento de 59,2%, totalizando 49,67 mil hectares desmatados.
– O desmatamento na Amazônia reduziu 62,2%.
– Houve predominância de desmatamento de formações savânicas e formações florestais:
A região do MATOPIBA é responsável por 47% de toda a perda de vegetação nativa do país, totalizando 852.952 hectares. Por outro lado, no território da Amazônia Legal houve uma redução de 32% em relação a 2022.
Desmatamento por Estado:
– Em 2023, Pará e Mato Grosso se mantiveram entre os 5 estados que mais desmataram, porém apresentaram redução de mais de 60% no Pará e redução de mais de 30% no Mato Grosso.
– Com exceção do Piauí, São Paulo e Paraná, todos os estados que fazem parte do bioma Cerrado registraram aumento do desmatamento em 2023 na comparação com 2022.
Os 10 estados que tiveram mais áreas desmatadas são: Maranhão, Bahia, Tocantins, Pará, Mato Grosso, Piauí, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás. É importante destacar que o Maranhão saiu da quinta posição de 2022 para a primeira posição pela primeira vez com um aumento de 95,1%, isto é, uma perda de 331.225 hectares de vegetação nativa.
Entre os municípios, são destacados 10 com maior área desmatada no Brasil os quais estão inseridos no Cerrado (8), Amazônia (1) e pela primeira vez no Pantanal (1):
- São Desidério (BA), 110 hectares/dia
- Balsas (MA), 102 hectares/dia
- Jaborandi (BA), 87 hectares/dia
- Alto Parnaíba (MA), 80 hectares/dia
- Corumbá (MS), 64 hectares/dia
- Baixa Grande do Ribeiro (PI), 60 hectares/dia
- Rio Sono (TO), 60 hectares/dia
- Cocos (BA), 58 hectares/dia
- Altamira (PA), 57 hectares/dia
- Barreira (BA), 57 hectares/dia
Em áreas protegidas, houve uma redução de 27% no desmatamento em Terras Indígenas em relação a 2022 e em Unidades de Conservação, também houve redução de 53,5% em relação a 2022. Entretanto, podemos destacar que a maior perda de vegetação nativa em UCs ocorreu em Áreas de Proteção Ambiental (APA) da esfera Estadual no bioma Cerrado, totalizando 41.934 hectares desmatados. Enquanto, nas UCs de Proteção Integral houve redução de 72,3% no desmatamento.
Desmatamento Autorizado e Fiscalizado:
– Mais de 2/3 da área desmatada tem ações de fiscalização federais e/ou estaduais em apenas 2 estados: no Paraná (66,3%) e Espírito Santo (90,5%).
– 1.344.078 hectares desmatados cruzam espacialmente com autorizações, o que corresponde a 15,7% da área total desmatada no país foi autorizada.
– Goiás saiu de 58% de área autorizada ou fiscalizada em 2021 e 2022 para 74,5% em 2023. Enquanto o Piauí saiu de 33% em 2021 para 57,2% em 2023. Espírito Santo, Mato Grosso e Tocantins mantiveram suas taxas de área desmatada autorizada ou fiscalizada acima de 60%.
Para finalizar, no RAD 2023, a agropecuária responde mais de 97% de toda a perda de vegetação nativa no Brasil nos últimos cinco anos. Outros vetores de pressão para o desmatamento considerados são: empreendimentos de energia solar e eólica na Caatinga, reservatórios ou barragens, expansão urbana e garimpo, principalmente no estado do Pará.