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Dinâmica da pesca artesanal em duas comunidades ribeirinhas tradicionais do rio Cuiabá: Uma abordagem ecológica

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dinamica-pesca-artesanalA pesca no Brasil situa-se entre as quatro maiores fontes de proteína animal e é uma atividade tradicional, contando com quase um milhão de pescadores, sendo principalmente artesanais. O Rio Cuiabá possui uma grande piscosidade e foi a fonte fundamental de proteínas para as comunidades instaladas às suas margens além de, historicamente, possuir uma grande importância para o Estado de Mato Grosso, pois através deste ocorreu à colonização do Estado.

As comunidades instaladas às margens do Rio Cuiabá podem ser tratadas como “tradicionais” em relação ao modo de vida e cultura que mantém. Este trabalho visa estudar a atividade de pesca artesanal dos ribeirinhos das comunidades de Barranco Alto e Bom sucesso. A metodologia consistiu na aplicação de questionário sócio –econômico que continha ainda, questões sobre a produção pesqueira local, a pesca tradicional e o acompanhamento do retorno de pesca nas comunidades, para avaliar a composição da captura, iscas, apetrechos e estratégias de pesca utilizadas. Medidas de captura por unidade de esforço foram utilizadas como forma de avaliação quantitativa, seguida dos índices de similaridade de Morisita (Cλ) e de Diversidade de Shanon-Wiener (H´).

Utilizou-se o escalonamento multidimensional não-métrico para comparar as comunidades testados por meio da análise de variância multivariada (MANOVA). Nas comunidades de Bom Sucesso e Barranco Alto, a maioria dos pescadores são do sexo masculino, com nível de instrução que alcança o ensino fundamental. Em ambas as comunidades a atividade de pesca baseia-se em espécies-alvo tais como o pintado (Pseudoplatystoma corruscans) e a piraputanga (Brycon hilarii). A comunidade de Barranco Alto difere de Bom Sucesso na composição da captura mas suas diversidades não diferem entre si. A captura por unidade de esforço são baixas atingindo aproximadamente 1,3kg/hr/homem. Os moradores de Barranco Alto e Bom Sucesso entendem que precisam usar racionalmente e adequadamente o que o rio lhes fornece.

Exploram espécies semelhantes, principalmente de maior valor comercial, apesar de conter características de pescas diferentes. As pescarias artesanais efetuadas por comunidades costeiras e ribeirinhas são de grande importância como fonte de alimento e renda. Entretanto, os pescadores que dependem do exercício desta atividade possuem baixa renda e não são considerados nos planos de manejo. Faz-se necessário envolver os pescadores artesanais, em função de seus conhecimentos ecológicos, para realizar o manejo da pesca baseando-se nas estratégias adotadas pelos ribeirinhos que podem favorecer a conservação dos recursos pesqueiros e garantir o uso do recurso por várias gerações.

Autora: Luciana Midori Kanda dos Santos

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