- Ao anunciar aumento da vazão da represa de Manso para “ajudar no combate aos incêndios no Pantanal”, a Eletrobrás explicita o quão danosas são as represas na bacia do rio Paraguai, onde está o Pantanal. São mais de 150 delas entre construídas, em construção e planejadas.
A Eletrobras anunciou uma ajuda para conter incêndios no Pantanal liberando mais água da represa do Manso, afluente do rio Cuiabá, um dos principais rios que drenam para a planície pantaneira – sua bacia tem uma área de 22.851 km². A notícia, do dia 4 de julho, foi publicada pelo jornal Valor Econômico com o seguinte título: “Exclusivo: Eletrobrás aumenta vazão de hidrelétrica para ajudar no combate aos incêndios no Pantanal”.
É fato que o reservatório já liberava mais água do que a que recebia. No dia da publicação da matéria do Valor, o Relatório do Sistema Furnas Eletrobrás apontava que o volume de água que entrava no reservatório era de 28 m³, e o liberado, 162 m³, ou 106 m³ a mais do que a sub-bacia drenava. Tal movimentação já havia sido detectada por nós há alguns dias, pois monitoramos a situação de Manso e outras represas da bacia do rio Paraguai e do Paraná.
O que tem grande importância na decisão da Eletrobrás é o reconhecimento do fato, negado até hoje por proprietários de represas e interessados em suas construções, de que elas afetam a dinâmica das águas no Pantanal, abrindo espaço para mais incêndios em tempos de eventos climáticos extremos. A medida tomada pela Eletrobrás já é vista no gráfico abaixo (no círculo), produzido pela Marinha do Brasil, indicando o aumento do nível do rio Cuiabá em julho.
Ao anunciar aumento da vazão da represa de Manso para “ajudar no combate aos incêndios no Pantanal”, a empresa explicita o quão danosas são as barragens na bacia do rio Paraguai. São mais de 150, entre construídas, em construção e planejadas.
Dados como a localização, o potencial de geração de cada represa e o quanto cada empreendimento recebeu de financiamento do BNDES podem ser observados no mapa interativo das Represas na Bacia do Alto Paraguai (BAP), elaborado pela ECOA – Ecologia e Ação.
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