Via ClimaInfo
Área queimada entre janeiro e maio ultrapassou 330 mil hectares, 39% a mais que a do mesmo período de 2020, o pior da série histórica.
O avanço do fogo sobre o Pantanal já supera em área afetada as taxas registradas em 2020, o ano mais destrutivo da série histórica. De acordo com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ), as áreas pantaneiras queimadas nos cinco primeiros meses de 2024 somaram 332 mil hectares, extensão 39% superior à registrada no mesmo período há quatro anos.
Os dados foram destacados pela SOS Pantanal, que publicou uma nota técnica alertando para a gravidade da situação no bioma. O panorama atual é “crítico e perigoso, potencializando os riscos para a ocorrência de incêndios florestais”. Como o g1 apontou, a entidade pede que a declaração de escassez hídrica, feita pela Agência Nacional de Águas (ANA) em abril, siga até 31 de outubro de 2024 para permitir ações emergenciais e a articulação entre os diferentes órgãos para gestão eficiente dos recursos hídricos.
“Os riscos relacionados aos incêndios florestais são altos. A atual situação, juntamente com as previsões para os próximos meses, apresenta condições similares às encontradas em 2020, com exceção de uma cheia prévia ocorrida em 2018. Portanto, é imperativo considerar fortemente medidas de prevenção e um preparo adicional para o combate a incêndios”, ressaltou a nota.
Os números parciais para junho aumentam a preocupação. Dados do INPE indicam que só nos 12 primeiros dias de junho o Pantanal já registrou o maior número de focos de incêndio para o mês inteiro em toda a série histórica – 733 focos, número que supera, de longe, aquele registrado em junho de 2020 (406 para todo o mês). g1 e Poder360 repercutiram esses dados.
“Essa alta está em grande parte associada às condições meteorológicas decorrentes do efeito do El Niño. O segundo semestre do ano passado teve um período muito grande em que a quantidade total de chuva foi abaixo da esperada, e, no início deste ano, o estresse da vegetação favoreceu a ocorrência e propagação do fogo”, explicou Fabiano Morelli, chefe do Programa Queimadas do INPE, ao jornal O Globo.
A Reuters mostrou o rastro de destruição deixado pelos incêndios no Pantanal. A rapidez do fogo pega de surpresa os animais, que não têm tempo suficiente para escapar das chamas. O cenário que fica depois da devastação é dramático: carcaças incineradas de macacos, cobras e jacarés são visíveis em meio às extensões carbonizadas da maior planície alagável do mundo.
“Tudo isso, quer dizer, a mudança climática mais queimada, eles acabam mudando completamente o ambiente e, a longo prazo, a redução da biodiversidade, perda de habitat”, observou Délcio Rodrigues, diretor do Instituto ClimaInfo. “Os animais selvagens não têm para onde ir”.