A pesca esportiva tem ganhado destaque como um dos principais atrativos turísticos de Mato Grosso, impulsionada pela variedade de rios e pela presença de espécies consideradas “troféu”, como dourado, pintado, piraíba e tucunaré. Destinos como o Pantanal, além dos rios Teles Pires, Juruena e Araguaia, atraem turistas que movimentam pousadas e barcos-hotel em busca de grandes exemplares.
No entanto, por trás do lazer e da geração de renda, surgem impactos ambientais e tensões sociais que colocam em lados distintos pescadores esportivos e profissionais.
Em entrevista ao portal VGN Notícias, a professora titular do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Lúcia Mateus, destacou que a diferença entre as modalidades vai muito além do objetivo da pesca. Segundo ela, enquanto a pesca artesanal está diretamente ligada à subsistência de comunidades ribeirinhas — geralmente marcadas por baixa renda e pelo uso de embarcações simples — a pesca esportiva envolve alto investimento em equipamentos e infraestrutura.
Apesar das diferenças, ambas pressionam os mesmos estoques pesqueiros. Mateus alerta que, sem controle, esses recursos podem entrar em colapso, trazendo consequências graves como insegurança alimentar, desemprego e perda cultural. Para evitar esse cenário, a pesquisadora defende a adoção de medidas de manejo que regulem o esforço de pesca e garantam a sustentabilidade da atividade.