Via: PNBOnline
Autor: Suzi Bonfim
Estudos desenvolvidos pelo Laboratório de Ictiologia do Pantanal Norte do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), em Cáceres (250 km de Cuiabá), apontam que a cada ano há uma redução maior no volume de água do rio Paraguai. De acordo com o pesquisador e professor doutor do programa, Ernandes Oliveira Júnior, os recordes sucessivos de queimadas e estiagem no Pantanal norte registrados nos últimos anos são consequências das mudanças climáticas e contribuem para a evolução deste quadro.
“De 2008 a 2018, por exemplo, perdemos na região do Pantanal Norte, 16% da massa de água no período de estiagem. Isso significa que, em 2008 você ia em uma baía e ela estava cheia de água, e agora em 2018, a realidade é outra, a massa de água reduziu na mesma baía. Então, você tem um efeito em cascata, da baía para o rio, na redução dos dias chuvosos e do volume de água, consequentemente”, explica o pesquisador. As chuvas estão cada vez mais esparsas, já são mais de 100 dias de estiagem.
Dentro deste contexto, toda a biodiversidade da região é afetada em um fenômeno definido como “encaixotamento”. Ernandes Junior ressalta que com volume menor de água nos rios e baías, os peixes também têm menos espaço, “ficam sem acesso a outras áreas, um efeito drástico para a migração da espécie”.
A estiagem que transformou a planície alagada do Pantanal, em foco de incêndios, – quase dois milhões de hectares já haviam sido destruídos pelo fogo de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – restringiu o espaço de todos os animais. “A área que era alagada, hoje está queimada e isso afugenta os animais que são mais rápidos, principalmente os mamíferos. Eles vão competir com os da mesma espécie e de outras em um espaço menor. Os mais lentos, como serpentes e anfíbios como sapo, rãs e pererecas, são queimados totalmente”, constata o pesquisador.
A chuva tão esperada leva toda esta composição de matéria orgânica queimada para o sistema hídrico e acaba provocando outros danos à vida animal. “O efeito do volume de matéria orgânica nos rios é o que a gente chama de dequada, a mortandade de peixes provocada pela falta de oxigenação da água, o que é normal. Com tanta queimada, este ano, a dequada pode ser ainda mais intensa nos anos seguintes”, prevê o professor da Unemat. Uma degradação em cadeia que atinge toda flora e fauna, em escala ascendente.
Uma ilustração como parte do estudo a ser publicado, em breve, sobre os efeitos da falta de chuva e do foto no Pantanal pelo Laboratório de Ictiologia do Pantanal Norte mostra como este processo acontece. Confira:
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