Por Rose Talamone
A produção industrial é apontada como a grande vilã do aquecimento global, porque afeta diretamente as mudanças climáticas e causa prejuízos à humanidade. Para diminuir esse impacto, a busca por tecnologias verdes está cada vez mais em pauta. Entre as novas tecnologias está a geração de energia fotovoltaica, que já conta com várias inovações transformadas em patentes.
O pesquisador Alex Fabianne, do Núcleo de Pesquisas em Inovação, Gestão Tecnológica e Competitividade (IngTec), orientado pela professora Geciane Porto, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, traçou a rota tecnológica, ou seja, a trajetória de desenvolvimento dessa tecnologia.
Nessa trajetória, a China aparece como grande investidor em tecnologia fotovoltaica nos últimos cinco anos, mas Estados Unidos, Japão e Reino Unido ainda estão na vanguarda do desenvolvimento, e as iniciativas mais promissoras estão nos Estados Unidos e Japão.
Fabianne foi além na pesquisa. O pesquisador avaliou e identificou a cooperação tecnológica nessa área entre grupos de pesquisadores e vários países. O cluster formado pela China é muito específico para a Ásia, então se relaciona e coopera bastante com Taiwan e Hong Kong. O cluster principal é formado pelos grandes investidores, “aí aparecem de novo os Estados Unidos e o Japão e, no caso, o Reino Unido e Alemanha, que concentram 80%, em termos de cooperação no desenvolvimento de tecnologia fotovoltaica. Eles trocam conhecimento e know-how para desenvolvimento de patentes”. O pesquisador destaca que Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha são os mais influentes na área hoje em dia.
Além das redes de pesquisadores que trabalham no desenvolvimento dessa tecnologia, o estudo conseguiu identificar em quais equipamentos esses grupos mais se debruçam, que vão desde a parte que contempla materiais como silício até aqueles dispositivos que fazem uso da energia produzida por uma célula fotovoltaica.
O Brasil, segundo Fabianne, começa a evoluir na adoção das energias renováveis, especialmente na fotovoltaica. Mas essa evolução ocorre mais no uso da tecnologia do que efetivamente na produção e desenvolvimento da inovação. O estudo oferece um mapa para os gestores públicos se basearem e definirem políticas que atraiam investimentos.
Fabianne fez a pesquisa com o método criado pelo grupo da professora Geciane, que identifica rotas tecnológicas, ou seja, os caminhos percorridos por determinadas tecnologias, da mais antiga até a mais promissora. O recurso oferece possibilidades amplas de análises, com destaque para previsão de tecnologias emergentes. O sistema usa, entre outras técnicas, o que os especialistas chamam de “mineração de patentes por meio de análise de redes”, que permite traçar uma rota tecnológica a partir de um banco de dados mundial de patentes.
O trabalho sobre patentes voltadas a energia fotovoltaica foi publicado no mês passado em duas revistas científicas, a Journal of Cleaner Production e a Scientometrics.
Foto de capa: Andreas Gücklhorn (Unsplash)