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Fratura hidráulica e terremotos – mais evidências nos EUA

5 minutos de leitura

Alcides Faria – tradução de artigo publicado na Scientific American

O texto que segue é uma tradução livre e ligeira de um artigo da Scientific American. Trata da já evidente relação entre o Fracking e terremotos nos Estados Unidos. Este é um problema que também está no horizonte do Brasil e merece muita atenção.

Fratura hidráulica (Fracking)

Fracking
Imagem: Divulgação

Envolve o bombeamento, sob alta pressão, de milhões de litros de água com areia e produtos químicos nas rochas de “xisto” para quebra-las e liberar o gás nelas contido.

A mistura de gás fluidos do fracking são perigosos, pois contém grandes volumes de água muito salgada e químicos, o que obriga o bombeamento dos fluídos de volta ao solo, em um buraco diferente daquele perfurado para extrair o gas. Pode ser feito bem abaixo da rocha de xisto, para a eliminação permanente.

Acontece que na medida que mais e mais fluidos são injetados nesses poços de águas residuais, a pressão aumenta sobre falhas geológicas profundas. Eventualmente ocorre o deslizamento, causando terremotos.

Fratura hidráulica e terremotos

fracking-map

Cientistas têm cada vez mais certeza da ligação entre terremotos e a produção de petróleo e gás. Em Dallas, USA, Cathy Wallace teve sua casa, em um bem arrumado bairro suburbano, chacoalhada. Relata que foi como sentir tempestades subterrâneas – primeiro vem um rugido distante para, em seguida, um estrondo e uma sacudida. Sua casa balançou e as janelas tremeram. Os piores momentos são aqueles entre o ruído e o impacto. “Toda vez que isso acontece … você não sabe o quão grave que vai ser”, diz ela.

“Será que este vai ser maior? É assustador… Muito assustador”
Até 2008 nem um único terremoto havia sido registrado pelo Serviço Geológico dos EUA da área de Dallas-Fort Worth, onde Wallace viveu por mais de 20 anos, mas desde então cerca de 200 deles abalaram a cidade e seus subúrbios vizinhos.

Statewide, Texas, experimentou seis vezes mais terremotos do que os registros anteriores. Em Oklahoma o aumento foi de 160 vezes, sendo que alguns foram tão fortes que mandaram pessoas para hospitais e danificaram edifícios e rodovias. Em 2014 o número de terremotos no Estado superou o da Califórnia.

O aumento dos tremores coincide com um aumento da atividade de perfuração. A casa de Wallace, por exemplo, fica acima da Formação Barnett Shale, uma camada de rocha dura e preta que contém o segundo maior depósito de gás natural do EUA. Entre 1998 e 2002 as empresas começaram a perfurar este depósito usando fraturamento hidráulico.

Pesquisadores do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS para a sigla em inglês) e outras instituições têm ligado a ocorrência de surtos terremotos em oito estados, incluindo Texas, Oklahoma, Ohio, Kansas e Arkansas, com as operações de petróleo e gás.

Alguns reguladores estaduais resistem em aceitar as conclusões dos cientistas. Os moradores estão cada vez mais irritados e grupos ambientalistas processaram alguns desses órgãos. “Esta é uma questão de segurança pública e o que tem acontecido é a negação ou mesmo ignorar o problema”, diz Wallace.

Wallace se juntou aos vizinhos para exigir o fechamento de poços de águas residuais nas proximidades.

Os cientistas continuaram a estudar o fenômeno e encontraram mais um motivo de preocupação: os riscos de terremotos podem se espalhar por quilômetros de distância dos locais de disposição dos fluidos e podem persistir por uma década ou mais após o fim da perfuração.

O maior tremor registrado pela injeção de águas residuais foi de 5,6 na escala Richter, perto da cidade de Oklahoma, em 2011. Embora com baixa probalidade, os cientistas acreditam que tremores mais poderosos de até 7,0 na escala Richter podem ocorrer, o que seria suficiente para causar mortes e danos em edifícios.

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