Reportagem do jornal O Globo revelou que as usinas hidrelétricas de Belo Monte (PA), Tucuruí (PA) e Sobradinho (BA) estão jogando água fora por não conseguirem escoá-la para a produção de energia elétrica dentro de sua capacidade.
Isso acontece porque termoelétricas foram mantidas ligadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mesmo com a recuperação de parte dos reservatórios. Uma das termelétricas é a de Porto Sergipe, que tira o espaço das hidrelétricas nas linhas de transmissão que levam energia elétrica do Nordeste ao Centro-Sul do País.
A termelétrica foi inaugurada em agosto de 2020 e usa gás 100% importado ao custo de R$ 12,6 milhões ao dia. Sergipe tem uma das maiores reservas descobertas do pré-sal, com possibilidade de vazão de até 20 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural. Esse valor é pago por todos os consumidores. A necessidade de se reduzir a geração de energia pela termelétrica Porto Sergipe foi informado em documento enviado pelo operador nacional à Aneel, no dia 13 deste mês. Leia o documento na íntegra, divulgado em matéria do Poder360.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), afirma que o Brasil precisa de 6.600 km de linhas de transmissão e 4 novas subestações até 2030, além de um investimento de R$ 18,2 bilhões.
Reação da ANEEL
No mesmo dia em que recebeu o pedido do ONS, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) concordou com a avaliação do operador. Assim, a usina termelétrica terá a geração reduzida de 1.515,64 MW para 1.030 MW (-32%) até o dia 4 de março.
Ainda segundo o jornal O Globo, a Aneel solicitou no último dia 25 a redução de energia por termelétricas em razão do desperdício de água sem produção de energia. No documento, técnicos da agência afirmam que há uma “concorrência dessa geração hidráulica com o despacho termelétrico antecipado”. A Agência defende a redução da geração de energia da termelétrica para reduzir o impacto para os consumidores.
Notas do MME e do ONS
Em nota, a assessoria de comunicação do Ministério de Minas e Energia disse que “não procede” a informação de que as hidrelétricas estão jogando água fora. Além disso, o texto diz que a pasta e as instituições do setor elétrico “têm buscado garantir a segurança do abastecimento eletroenergético brasileiro aos menores custos possíveis, sempre considerando os cenários e condições operativas mais atualizados.”
Já o ONS, por sua vez, afirmou que desde o início de janeiro estava em negociação com a direção da usina de Porto Sergipe para promover a redução da produção de energia, tendo em vista o aumento do volume de chuvas no Norte e Nordeste.
Com informações de O Globo e Poder 360