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Incêndios deixam o ar irrespirável. Substâncias tóxicas em alta concentração em Corumbá (MS)

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Imagem: drone na região de Corumbá (MS) - Fernanda Cano

– Análises reforçam relatos sobre a qualidade do ar com os incêndios no Pantanal.

Os moradores de Corumbá (MS) – área mais atingida em 2024 pelos incêndios no Pantanal – têm relatado dificuldade para respirar devido à fumaça que cobre a região.

A coordenadora e especialista em Monitoramento Ambiental da Ecoa, Fernanda Cano, analisou imagens de satélite da plataforma Windy para averiguar a situação dos gases emitidos. A tendência é de que o ar e a poluição se estendam e também afetem os municípios e países vizinhos, seguindo rumo ao sul, até o Paraguai, Argentina e Uruguai.

A informação é corroborada pela Nota Técnica 01/2024 avaliação da situação do fogo no Pantanal do LASA (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), publicada no dia 24 de junho.

Segundo a nota “a análise das trajetórias estimadas das plumas de poluentes provenientes dos incêndios ocorridos no mês de junho 2024 na região de Corumbá, Pantanal, sugere um padrão de transporte para sul do continente praticamente durante todo o mês de junho, atingindo o Paraguai, norte da Argentina e Uruguai. Nos dias 9, 15, 16, 17, 18 e 22 de junho, a análise sugere um transporte que atinge os estados do sul do Brasil.”

A análise realizada por Fernanda Cano no dia 24/06 mostra a alta concentração de Dióxido de Nitrogênio, Monóxido de Carbono e Dióxido de Enxofre.

Dióxido de Nitrogênio (NO2)

O NO2 pode acarretar problemas respiratórios como bronquite, asma e reduzir a capacidade pulmonar em crianças. Pode também reagir com a umidade do ar e formar ácido nítrico, o que contribui para formar a chuva ácida.

Monóxido de carbono (CO)

As fontes mais frequentes de emissão de CO na atmosfera são os incêndios florestais e a queima de combustíveis fósseis. A principal via de exposição à substância é a respiratória e as intoxicações agudas podem ser fatais. Uma vez inalado o gás é rapidamente absorvido nos pulmões e, em circulação, liga-se de maneira estável com a hemoglobina, impedindo o transporte do oxigênio e causando hipóxia tecidual. Por isso, a exposição ao composto está também associada a prejuízos na acuidade visual, no aprendizado, na capacidade de trabalho e ao aumento na mortalidade por infarto cardíaco agudo, principalmente entre idosos.

Dióxido de enxofre (SO2)

O SO2 presente na atmosfera pode levar à formação de chuva ácida e é precursor dos sulfatos, um dos principais componentes das partículas inaláveis (MP10). Os sulfatos incorporados aos aerossóis são associados à acidificação de corpos d’água.

A principal via de exposição da população geral ao dióxido de enxofre é a inalatória. Os efeitos adversos da exposição a altas concentrações de SO2 incluem dificuldade respiratória e agravamento de doenças respiratórias e cardiovasculares. O composto irrita o nariz, a garganta e os pulmões causando tosse, falta de ar, chiado no peito, catarro e crises de asma. Os indivíduos asmáticos ou com doenças crônicas de pulmão e coração, bem como as crianças, são mais sensíveis aos efeitos do dióxido de enxofre.

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