O Brasil desperdiçou mais de 10% de toda a energia que foi produzida em 2014, volume que abasteceria os estados do Rio de Janeiro e Ceará por um ano ou o equivalente a 46 terawatt-hora/ano. Na Alemanha o índice de perdas é de 4%. Outro desastre brasileiro são os chuveiros elétricos, pois de 7 a 8 % de todo o sistema elétrico nacional é reservado para o aquecimento da água de banho, quando o correto seria a ampla utilização do aquecimento solar.
Apesar de o combate ao desperdício e a eficiência energética mostrarem que existem alternativas na área de energia elétrica, o centro das políticas governamentais continua sendo o do financiamento de grandes empreendimentos como barragens na Amazônia (20 estão previstas para os próximos oito anos) e centrais geradoras movidas a combustível fóssil. No caso de do gás o uso deve ser ampliado caso o processo de extração do “shale gas” seja aprovado definitivamente no país.
A grande tarefa na área de energia para os próximos anos é a mudança da narrativa construída desde a década de 90 do século passado. O fundamental deve ser a contenção do desperdício e a eficiência energética, pois é um caminho com fortes fundamentos econômicos e que se contrapõe ao “produtivismo” manifestado nas políticas de financiamento para represas, da extração dos combustíveis fósseis e de outras áreas de produção de energia.