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Ninho da maior águia das Américas é encontrado na Paisagem Modelo Pantanal

4 minutos de leitura
Trecho do vídeo em que o ninho é registrado.

Em julho de 2025, uma expedição de ecoturismo registrou um feito inédito: a confirmação de um ninho ativo de harpias (Harpia harpyja) no Maciço do Urucum, em Corumbá (MS), área inserida na Paisagem Modelo Pantanal. A descoberta representa um marco para o conhecimento e a conservação dessa espécie rara e ameaçada, cuja presença é muito mais comum na Amazônia e, em menor escala, na Mata Atlântica — mas quase inexistente no Pantanal.

Harpia: a maior águia do mundo

Também chamada de gavião-real, a harpia é considerada a mais poderosa das aves de rapina. Mede entre 90 e 105 centímetros de comprimento e pode alcançar até 2 metros de envergadura. As fêmeas, maiores que os machos, chegam a pesar 9 kg, enquanto eles ficam em torno de 4 a 4,8 kg. Força, agilidade e imponência fazem dela um verdadeiro ícone do reino animal.

No Brasil, a espécie é classificada como vulnerável à extinção. Mantém populações mais expressivas na Amazônia, mas na Mata Atlântica restam apenas registros ocasionais devido à perda de habitat. No Mato Grosso do Sul, sua presença é ainda mais rara, com avistamentos isolados em Bonito, Bodoquena, Aquidauana e, agora, em Corumbá.

“Depois de anos de buscas, monitoramentos e incontáveis horas de campo, vivemos um dos momentos mais emocionantes da nossa trajetória: localizamos o ninho de um casal de harpias no Maciço do Urucum. Esse achado histórico confirma não só a presença da maior águia das Américas na região, mas também sua reprodução ativa em Corumbá”, divulgou a empresa Icterus nas redes sociais.

A expedição foi realizada pela Icterus em parceria com a Sauá Consultoria, o Projeto Harpia Brasil e o Planeta Aves, com apoio de fazendas locais que abriram as portas para a busca.

Um avanço para a conservação

O achado ocorre 13 anos após o primeiro registro da espécie no Maciço do Urucum, em 2012, e reforça o potencial da região como refúgio para a harpia. Em abril de 2025, a bióloga Yasmin Aguero já havia confirmado a presença de um casal no local, levantando a suspeita da existência de um ninho.

Desde então, pesquisadores, proprietários rurais e parceiros têm unido esforços para proteger a espécie em uma área marcada pela exploração de minério de ferro. O Projeto Harpia Brasil, coordenado pela pesquisadora Tânia Sanaiotti, desempenha papel essencial no mapeamento e monitoramento das aves.

Importância para a Paisagem Modelo Pantanal

A descoberta reforça o valor do Maciço do Urucum como refúgio para espécies ameaçadas no Pantanal. Com a colaboração da ciência, do ecoturismo e das comunidades locais, a presença da harpia na região torna-se uma oportunidade única de fortalecer ações de conservação e assegurar o futuro de uma das aves mais emblemáticas do planeta.

Talita Oliveira

Coordenadora do Núcleo de comunicação da Ecoa e da Paisagem Modelo Pantanal.

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