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Nota do Observatório do Clima sobre desistência do Brasil de sediar a COP25 da Convenção do Clima da ONU

5 minutos de leitura

OC
Brasília, 27/11/2018

É lamentável, mas não surpreende, o recuo do governo brasileiro de sua oferta de sediar a COP25, a conferência do clima de 2019. Visto que há algumas semanas a administração Temer comemorava a confirmação da candidatura do Brasil como sinal do “papel de liderança mundial do país em temas de desenvolvimento sustentável”, a reviravolta provavelmente se deve à oposição do governo eleito, que já declarou guerra ao desenvolvimento sustentável em mais de uma ocasião. Não é a primeira e certamente não será a última notícia ruim de Jair Bolsonaro para essa área.

O Brasil vai, assim, abdicando seu papel no mundo numa das poucas áreas onde, mais do que relevante, o país é necessário: o combate às mudanças do clima. Ironicamente, isso ocorre por ideologia, algo que o presidente eleito e seu chanceler prometeram “extirpar” da administração pública. Com o abandono da liderança internacional nessa área, vão-se embora também oportunidades de negócios, investimentos e geração de empregos. Ao ignorar a agenda climática, o governo federal também deixa de proteger a população, atingida por um número crescente de eventos climáticos extremos. Estes, infelizmente, não deixam de ocorrer só porque alguns duvidam de suas causas.

Em O Globo
Por Letícia Fernandes

Rio e Brasília – O governo brasileiro desistiu de sediar a COP 25, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que aconteceria no país em novembro de 2019. Os argumentos foram restrições orçamentárias e o processo de transição presidencial em curso. A decisão foi comunicada por meio de um telegrama enviado ontem à embaixadora Patrícia Espinosa, secretária-executiva da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima.

“Levando em consideração restrições fiscais e orçamentárias, que muito provavelmente devem continuar em um futuro próximo, e tendo em vista o processo de transição para a administração recém-eleita, que será inaugurada em 1º de janeiro de 2019, o governo brasileiro é obrigado a retirar a oferta de sediar a COP25”, informa o governo no parágrafo final do comunicado, obtido e traduzido pelo Globo.

A retirada da candidatura do Brasil acontece quase dois meses depois de o país se candidatar, decisão à época comemorada pelo governo de Michel Temer. Em outubro, o Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota na qual dizia que a realização do evento confirmava o papel de liderança mundial do país em temas de desenvolvimento sustentável e refletia o consenso da sociedade brasileira sobre a importância e a urgência de ações que contribuíssem no combate à mudança do clima.

Críticas a decisão

Para Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima, a alegação de questões no orçamento não se sustenta, uma vez que ele estava reservado.

— Para presidir este encontro, o país teria que manter e implementar medidas relativas ao tema. Essa desistência passa ao mundo uma imagem negativa. Acredito que tenha sido muito mais pelo novo governo do que pela questão orçamentária — analisa Rittl.

Um dos pontos alegados como problemáticos no governo Bolsonaro sobre este tema, segundo Rittl, são as falas do futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que classificou a questão como um “alarmismo climático”.

Em nota, o Observatório do Clima criticou a decisão: “O Brasil vai, assim, abdicando de seu papel no mundo numa das poucas áreas onde, mais do que relevante, o país é necessário: o combate às mudanças do clima. Ironicamente, isso ocorre por ideologia, algo que o presidente eleito e seu chanceler prometeram ‘extirpar’ da administração pública”.

Foto de Capa: COP24 – Flickr

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