Os rios que formam a alta bacia do rio Paraguai no território brasileiro sofrem muitos danos com a construção de grandes, médias e pequenas represas, danos que alcançam o Pantanal. No final de 2018, eram 38 em operação, sendo 8 de grande porte (UHEs) e 30 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs).
Analisadas isoladamente – como se procede hoje para concessão de licenças – as chamadas PCHs podem não apresentar impactos significativos, mas o efeito sinérgico do conjunto delas, somado aos efeitos das de porte médio e grande, são enormes, como apresentado neste trabalho, originalmente divulgado em 2013 e atualizado agora, em 2020.
Resumo dos principais problemas causados pelas barragens.
– O pulso de inundação – períodos de cheia e seca – nos distintos ecossistemas pantaneiros sofrerá ainda maiores distorções, pois não estarão mais condicionados ao fluxo natural dos rios e sim às necessidades de produção de energia elétrica. Em caso de estiagem, obviamente haverá retenção máxima de água para geração de energia. O funcionamento ecológico do Pantanal se modificará ainda mais.
– O barramento, como é amplamente conhecido, impede a migração de peixes, processo biológico fundamental para a reprodução de inúmeras espécies;
– A recomposição das pastagens nativas, base da pecuária regional, será prejudicada tanto por alterações no pulso como na retenção de nutrientes;
– Cairá a produção pesqueira, afetando os pescadores artesanais e o turismo de pesca, atividades que mais geram trabalho e renda no Pantanal;
– Todo o Sistema Paraguai-Paraná de Áreas Úmidas será impactado. Esta é a maior área úmida do mundo e distribui-se pelo Brasil (Pantanal), Bolívia, Paraguai, a Argentina e o Uruguai.
Mapa das represas na BAP elaborado pela Ecoa: