Criada no dia 19 de novembro de 2014, a Rede Clima Pantanal tem seu embrião na articulação da agenda “Clima” em territórios da bacia do Prata e na criação da Coordenação das Comunidades Tradicionais do Pantanal (CCTP), em novembro de 2013. Este processo surge a partir das principais demandas das comunidades e da sociedade, dentre elas a premência por políticas públicas que tratem de medidas preventivas e adaptativas frente aos eventos climáticos extremos ocorridos nos últimos anos.
A grande crise da água de 2014 foi sentida em ampla área na bacia do rio Paraná, particularmente em sua parte alta, determinando efeitos sociais e econômicos negativos: a produção agrícola foi afetada; perderam-se empregos na indústria; ocorreram conflitos entre a geração de energia e a navegação; a pesca foi inviabilizada e, mais grave, faltou água para o abastecimento humano.
Na alta bacia do rio Paraguai, onde está o Pantanal, os eventos observados nos últimos anos vão da seca extrema – caso de 2008 – a grandes cheias com danos para comunidades e a economia regional, particularmente o turismo e a pecuária. Em 2011, por exemplo, uma repentina cheia na bacia do rio Miranda (MS) causou prejuízos acima dos 200 milhões de reais para os pecuaristas pantaneiros, segundo cálculos da Embrapa Pantanal. Este mesmo evento teve multiplicado seus efeitos pela excepcional permanência das águas, o que impediu o turismo na região da Estrada Parque e que famílias que vivem no Porto da Manga, nas margens do rio Paraguai, pudessem seguir sua rotina durante 8 meses.
Em 2014, uma nova cheia fora dos padrões trouxe mais problemas. Na região conhecida como Barra do rio São Lourenço, na divisa entre os estados de MS e MT, e ao longo do rio Paraguai moradores foram obrigados a deixar suas casas – alguns as perderam -, e abrigarem-se em elevados, como também em 2011. Ocorreram relatos de perda de gado, principalmente pelos pequenos pecuaristas.
Diante da conjuntura de eventos extremos e a constatação de que faltam sistemas de investigação, troca de informação e alertas que instrumentalizem a sociedade consolidaram-se as condições para o surgimento da Rede.
Objetivos
A “Rede Clima”, tem como propósitos originais o que segue:
– Promover articulação entre sociedade civil, instituições governamentais e não governamentais, pesquisadores e comunidades para tratar dos processos relacionados a eventos climáticos extremos e seus impactos sobre o ambiente, a sociedade e, particularmente, as populações mais vulneráveis.
– Desenvolver ferramentas que facilitem o aprendizado e a preparação da sociedade para a prevenção e mitigação de danos de eventos climáticos extremos – como o Mapeamento Participativo – no intuito de integrar os diferentes atores no processo de elaboração e entendimento no Pantanal e outras regiões.
– Promover a circulação e troca de dados e informações de maneira rápida e eficiente sobre o clima regional e global.
– Atuar para que politicas públicas relacionadas ao clima e eventos extremos sejam traduzidas em ações governamentais preventivas em áreas como saúde, educação e moradia para as populações mais vulneráveis.
– Desenvolver um Sistema básico de disseminação eficiente de informações sobre cheias e secas no Pantanal como ferramenta de prevenção. Somará e analisará informações científicas, técnicas e captará dados diretamente das comunidades para o desenvolvimento do Sistema.
Territórios de atuação
A articulação da Rede ocorrerá com prioridade na bacia do Alto rio Paraguai (BAP) e no Pantanal, mas como parte do processo de construção buscará a articulação e alianças com outras iniciativas que tenham ações no Sistema Paraná Paraguai de áreas Úmidas e na bacia do rio da Prata.
Adesões
Poderão participar da Rede organizações não governamentais, instituições governamentais, instituições de ensino e pesquisa e pesquisadores individualmente.
Para contato utilizar o e-mail clima@riosvivos.org.br