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Seca prevista na bacia do rio Paraná afetará a geração de energia no Brasil?

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Represas hidrelétricas na bacia do rio Paraná. Fonte: Agência Nacional de Águas.

Por Alcides Faria, diretor executivo da Ecoa.

  • Bacia do Paraná gera mais de 60% da energia elétrica do Brasil;
  • ONS manda térmicas ficarem de prontidão;
  • Na história recente duas grandes crises na bacia. Estamos a caminho de outra?
  • Quais as soluções de médio prazo para as sucessivas crises hídricas?

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) divulgou uma previsão de que na Bacia do Rio Paraná “a situação de seca deverá permanecer crítica ao longo do mês de julho”, com as condições variando de moderada a extrema em algumas áreas, o que deve manter “a região em estado de alerta, necessitando de ações estratégicas para minimizar os impactos, especialmente aqueles decorrentes do risco de fogo”.

Nos últimos 10 anos a bacia passou por duas graves crises hídricas, as quais trouxeram danos sociais, ambientais e econômicos. Estamos a caminho de uma nova grande crise?

A bacia do rio Paraná no Brasil é responsável por mais de 60% da geração de eletricidade por hidrelétricas no Brasil. Recentemente a agência de notícias britânica Reuters divulgou que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) solicitou que as termelétricas fiquem de prontidão para fornecer energia “no período seco e da transição para o período úmido 2024/25”, segundo documento visto pela agência – fato informado pela CNN Brasil no dia 12/7 último – fato que evidencia a piora recente das condições de geração de energia no país.

No documento a ONS destaca que as chuvas em algumas das principais bacias hidrográficas com usinas hidrelétricas “têm ficado significativamente abaixo da média histórica nos últimos meses, ao mesmo tempo em que a carga de energia tem crescido neste ano”, conjuntura que corrobora com o alerta do Cemaden para julho.

A bacia do rio Paraná

Com 87,98 milhões de hectares e uma população de mais de 60 milhões de habitantes, predominantemente urbana (93% do total), a unidade ambiental “bacia do rio Paraná” abarca estados populosos e centrais na economia brasileira nas áreas de serviço, indústria e agricultura. São eles: São Paulo com 25% da bacia; o Paraná 21%; Mato Grosso do Sul 20%; Minas Gerais 18%; Goiás 14%; Santa Catarina 1,5% e o Distrito Federal 0,5%. O estado de São Paulo sozinho é responsável por 33,9% do Produto Interno Bruto do Brasil, sendo que toda a bacia ultrapassa os 50% do PIB.

Impacto na conta de energia

As usinas térmicas são movidas a combustíveis fósseis, mais caros, o que reflete no custo de geração e, consequentemente, na conta de energia elétrica. Outro fator negativo é o impacto no clima global ao se utilizar fontes emissoras de carbono como diesel, gás natural e carvão.

Existem soluções?

O Brasil é solar e o uso do sol para geração elétrica e para aquecimento da água do banho são caminhos para a redução de consumo, o que, somado a uma efetiva política de correção da ineficiência energética vigente, pode colocar o País em outro patamar de desenvolvimento. Outro ganho para a economia a se considerar é a criação de empresas e empregos ao se ter uma política mais robusta de investimentos em eficiência e na geração solar.

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