Via ClimaInfo.
Taxa menor reduziu emissões de gases de efeito estufa em 400 milhões de toneladas de CO2 por desmatamento na Amazônia e Cerrado frente 2021/22.
A área desmatada na Amazônia totalizou 6.288 km² entre agosto de 2023 e julho de 2024, uma queda de 31% sobre a taxa de desmatamento registrada no período anterior, de agosto de 2022 a julho de 2023, de 9.001 km². É a maior redução percentual no ritmo de devastação no bioma em 15 anos, mostra o Sistema PRODES, do INPE, anunciado na 4ª feira (6/11).
O PRODES também captou diminuição na taxa de devastação do Cerrado. O bioma registrou uma taxa de desmatamento de 8.174 km² no mesmo período. Foi o menor índice de desmate desde 2019 e marca uma queda de 25,7% em relação ao período de agosto de 2022 a julho de 2023.
A redução nas taxas de desmatamento anunciada ontem representa uma diminuição nas emissões de gases de efeito estufa de 359 MtCO2 na Amazônia e de 41,8 MtCO2 no Cerrado. Assim, a redução total de emissões nos dois biomas foi de 400,8 MtCO2 muito menos da metade das emissões de desmatamento registrada em 2022. Para termos uma ideia do significado desta redução de emissões, ela é maior que o total de emissões da Austrália ou do Reino Unido.
“É o resultado de um esforço integrado envolvendo a Polícia Federal e vários setores do governo, bem como os governos estaduais. Este é um momento histórico. Se há uma questão tensa dentro e fora do país é o desmatamento. Não é fácil reduzir o desmatamento em cima do desmatamento existente. No primeiro ano, ainda havia um acúmulo significativo, herdado do governo anterior. E não é possível estabelecer atividades produtivas sustentáveis e legais se elas precisam competir com as ilegais”, destacou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Na avaliação do Observatório do Clima (OC), os números do desmatamento são um trunfo do país e uma vitória para o presidente Lula e a ministra Marina Silva no dia em que o resultado da eleição americana põe o regime climático multilateral em xeque e às vésperas da COP29. E mostram também que o país pode mais. Para isso, porém, o governo precisa resolver contradições internas, impedir a sanha destruidora do Congresso e aumentar a ambição climática.
“O mundo precisa de um líder na agenda de clima e o governo Lula tem todas as chances de assumir esse papel. Compromissos pelo fim do desmatamento e a eliminação do uso de combustíveis fósseis são o passaporte para essa liderança”, afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do OC. “Os números de desmatamento de 2024 são uma enorme credencial para o Brasil, mas é preciso ir além. Precisamos de ambição e ousadia”, completou.
O Greenpeace destacou que a retomada do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), em junho do ano passado, é a principal responsável pela queda no desmatamento na região. Os números, no entanto, evidenciam que o país ainda tem muito a fazer para zerar o desmatamento, objetivo que precisa ser atingido ainda antes de 2030.
“Embora a volta da fiscalização e a estratégia de priorização de municípios críticos tenham refletido positivamente nos números anunciados, o Brasil segue muito longe do objetivo de desmatamento zero assumido pelo governo”, afirma a porta-voz da Frente de Florestas do Greenpeace Brasil, Thaís Bannwart.
Os números do PRODES, divulgados anualmente, são os mais precisos para medir as taxas anuais de desmatamento, explica o g1. Ele é diferente do DETER, também do INPE, que mostra os alertas mensais – e que já sinalizava quedas na devastação nos últimos meses e no último ano. Como o PRODES reúne um período temporal maior, os satélites captam imagens sem a interferência de nuvens, o que nem sempre ocorre no DETER, por ser mensal.
O Globo, R7, Metrópoles, Folha, Terra e Agência Pública repercutiram a queda da taxa de desmatamento na Amazônia e no Cerrado.