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Turismo em Corumbá desvaloriza sua própria cultura e não abre espaço para inovações

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O Carnaval de Corumbá é um dos eventos mais tradicionais do estado (Foto: Divulgação / Semana On)
O Carnaval de Corumbá é um dos eventos mais tradicionais do estado (Foto: Divulgação / Semana On)
O Carnaval de Corumbá é um dos eventos mais tradicionais do estado (Foto: Divulgação / Semana On)

Mesmo logisticamente afastada da capital Campo Grande, a cidade de Corumbá já se consolidou na rota do turismo nacional e internacional, em grande parte devido a sua localização estratégica no seio do pantanal sul-mato-grossense.

De acordo com o Observatório do Turismo de Corumbá, só no ano passado, 115,9 mil turistas brasileiros e estrangeiros, movimentaram meios de hospedagem, restaurantes e demais serviços ligados ao turismo, o que gerou R$ 104,1 milhões à economia da cidade, isso no primeiro semestre. O número é bom e vem aumentando, mas nem tudo são flores: mais de 52% dos turistas consultados pelo senso reclamam da falta de lazer turístico na cidade.

Ao chegar ao Porto Geral, ponto forte para o turismo, uma vez que os barcos hotéis ali atracam e dali partem para seus percursos, não é novidade o visitante sentir-se “desamparado”. Algo que muito incomoda no Porto Geral é justamente a falta de recursos da região. Sem restaurantes, sem rota de ônibus, sem sinalizações apropriadas, sem casas de eventos. O visitante chega, toma sua água de coco – o único aperitivo da região – e precisa subir a cansativa ladeira para encontrar uma simples lanchonete.

Em aspectos gerais, desde os tombamentos de 92 e o Projeto Monumenta do Governo Federal, Corumbá ficou reconhecida por seus inúmeros pontos históricos, sendo o mais famoso deles o Casario do Porto, aquela genial arquitetura de frente para o rio Paraguai que nos parece uma “Veneza” pantaneira. Poderíamos tomar páginas e páginas descrevendo pontos belíssimos e históricos de nossa querida cidade branca. Mas estes mesmos pontos não são e nunca foram realmente valorizados. Comerciais, propagandas, incentivos a visitação, nunca houve – se há, é apenas quando servem de estampa para algum vídeo promocional da cidade – e logo depois são esquecidos. Para usar a imagem da Casa de Massa Barro, por exemplo, não se pensou duas vezes. Mas para auxiliar o local durante sua crise, deram as costas.

A questão, em Corumbá, jamais foi a falta de conteúdo – isto tem e de sobra. Mas, estranhamente, falta o amparo dos órgãos competentes. É incrível como locais importantes como a Casa de Massa e Barro, Art Izú e até o Museu de História do Pantanal foram e ainda são esquecidos pelo poder público.

Essa característica de “turismo que vive de pesca e paisagem” não cola mais. Corumbá já está a frente disso há anos. Tem uma cultura rica, mas que parece esquecida: casarões, observatórios, casas de artesanato, bibliotecas com milhares de acervos, museus e até sítios arqueológicos (!) – curiosamente só deram atenção para sítios arqueológicos no Pantanal em meados de 90 e nem corumbaenses eram, mas pesquisadores vindos do sul. É exatamente isto que incomoda: é preciso vir gente de fora para fazer algo.

Sem muito cálculo, qualquer empresário com bom olhar sabe que, por exemplo, trazer um cinema para cá – cinema mesmo, não cinema “eventual” com filmes datados – geraria lucro, renda e daria um “quê” na cidade. Ou ao menos, transformar esses prédios fantasmas espalhados desde o Porto ao morro em locais de concentração cultural. Já pensou numa “Casa do Pantaneiro” com comidas típicas, músicas típicas, história da região, artesanato, isto e mais aquilo sob uma estrutura bem investida? Estamos falando de lugar amplo, refrigerado, tecnológico e ao mesmo tempo regional. E por que não? Parece que prendem a alma de Corumbá a investimento meia boca.

Uma sugestão a secretaria de Turismo e aos demais órgãos competentes seria realizar um roteiro turístico, uma linha de ônibus especifica, que parasse em todos os pontos da cidade, levando movimento e conhecimento para todos os cantos: Casarios, igrejas, biblioteca, casas de artesanato, praças, Cristo, mirantes(…).

Já que o Conselho Municipal de Turismo (COMTUR) foi recentemente empossado por nova diretoria, porque não iniciar uma gestão com inovações? Esse ritmo lento de “melhorias” não satisfaz. O Adventure Week 2016 está bem aí e o turismo em Corumbá continua em sua zona de conforto: paisagem bonita, pescaria, pintado ao urucum e acabou.

Fonte: Nathalia Claro / Correio de Corumbá

Corumbá – Com uma população de mais de 100 mil habitantes e considerada a “Capital do Pantanal”, Corumbá é a cidade do estado que mais recebe turistas. Um dos eventos mais conhecidos do município é o Carnaval, que mantém a tradição dos cordões carnavalescos e costuma reunir cerca de 40 mil pessoas por noite; O Festival América do Sul reúne, anualmente, shows, dança, exposições, atividades de circo e diversas intervenções artísticas; a Festa de São Pedro Pescador é uma procissão realizada em junho pela colônia de pescadores católicos; já o Festival Pantanal das Águas surgiu para substituir o Festival Internacional de Pesca do Pantanal, mas também conta com apresentações musicais.

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