As maiores tradings agrícolas do mundo estão na mira de gigantes do varejo e do setor de alimentos. Companhias como McDonald’s, Nestlé, Unilever, Carrefour e Casino reivindicaram o fim da compra de soja produzida em áreas desmatadas legal ou ilegalmente no Cerrado brasileiro.
Caso contrário, as tradings poderão sofrer sanções e perder contratos de venda de soja. No documento, as signatárias pediram a Bunge, Cargill, Louis Dreyfuss Company, COFCO, ADM e Glencore que implementem o quanto antes um sistema robusto de monitoramento, verificação e reporte para a soja produzida no Cerrado, de maneira a operar a partir do ano que vem apenas com soja livre de desmatamento legal ou ilegal.
A proposta não foi aceita por essas empresas, que alegam que não há como coibir os produtores rurais de desmatar parte de suas propriedades em concordância com o Código Florestal. Maior área de savana da América do Sul, o Cerrado é responsável por 60% da produção de soja do Brasil, maior exportador global da commodity.
O Financial Times repercutiu o manifesto, destacando também que uma das empresas signatárias, a rede britânica de supermercados Tesco, pretende destinar cerca de 10 milhões de libras esterlinas (cerca de R$ 68 milhões) para combater o desmatamento em áreas do Cerrado responsáveis pela produção da soja que ela consome. Bloomberg, Reuters e Valor também abordaram a declaração.
Em tempo: Em almoço com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) em Brasília, Mourão insistiu que as críticas sobre a escalada do desmatamento na Amazônia são “ridículas” e refutou que o agronegócio seja “vilão”, acusando o comércio ilegal de madeira como o principal vetor de destruição florestal. “Nós somos um gigante da alimentação mundial. É o nosso hard power e nós temos que fazer valer isso, sem medo”, disse. Bem, de que adianta produzir para o mundo se o mundo cada vez mais não quer comprar do Brasil por causa da devastação ambiental? Congresso em Foco e O Globo deram mais detalhes.