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Vazante: Rio Paraguai atinge menor nível desde 2017

5 minutos de leitura
Réguas no Rio Paraguai (Imagem: Luis Akasaki)

Via Diário Corumbaense

Por Rosana Nunes 

Réguas telemétricas no rio Paraguai, em Ladário (MS), medem os níveis da água há 118 anos. Foto: Luís Augusto Akasaki (Ecoa)

Com 1,62 metro na régua de Ladário, o rio Paraguai chegou nesta terça-feira, 22 de outubro, ao menor nível desde 2017. Naquele ano, o nível mais baixo foi de 1 metro e 54 centímetros, marca registrada em 27 de novembro.

Os dados são da régua centenária do Serviço de Sinalização Náutica do Oeste, do 6° Distrito Naval da Marinha do Brasil, em Ladário (MS). O fato de a régua marcar altura inferior a 2 metros não significa que as pessoas podem “atravessar a pé” o rio Paraguai.

A explicação para isso é que a régua foi instalada num local de fácil leitura (margem direita do rio), assim, o zero da régua não corresponde ao local mais profundo. Se o nível da água do rio Paraguai, em Ladário, atingisse a marca de zero centímetro, mesmo assim o rio nesse local teria uma largura de aproximada 250 metros e uma profundidade média de 4 metros.

Daí a explicação para o fato dessa régua já ter registrado valores negativos, como ocorreu em 1964, quando o nível ficou 61 centímetros abaixo do zero. Análise do comportamento do rio Paraguai feita pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), ligada ao Ministério das Minas e Energia (MME), mostra que o nível continuará baixando e pode chegar a 1 metro e 18 centímetros, em Ladário, no dia 15 de novembro.

Segundo as análises da CPRM, “a estação de Ladário no rio Paraguai vem apresentando valores de cota de nível d’água abaixo da curva de permanência de 50%. Atualmente o nível d’ água encontra-se em declínio”. Mesmo em fase de redução, o rio está longe da chamada Zona de Atenção de vazante.

Dos 118 anos de observação das cotas em Ladário, 54 tiveram o valor máximo anual no mês de junho, 26 em maio, 24 em julho, 11 em abril, 02 em março e 1 em agosto. Em 2019, a maior altura (3,92 m) foi registrada nos dias 17 e 18 de julho. Quanto aos valores mínimos anuais, 34 ocorreram nos meses de dezembro e novembro, 29 em janeiro, 16 em outubro, 4 em setembro e 1 em fevereiro.

A propagação das cheias do rio Paraguai se dá ao longo de vários meses do ano, caracterizando o lento escoamento das águas no Pantanal. Isto se deve à complexa combinação das contribuições de cada planície cujas lagoas e baías funcionam como reguladores de vazão, acumulam água e amortecem a elevação do nível, durante o crescimento da cheia, e cede água durante a recessão.

Ocorrem enchentes locais em diversas regiões, ao longo do ano, dependendo do regime de chuvas. Na região entre Cáceres e Cuiabá, o trimestre mais chuvoso estende-se de janeiro a março, com ocorrência de níveis d’água elevados em março. Na sub-bacia do rio Miranda, o trimestre mais chuvoso estende-se de dezembro a fevereiro, com ocorrência de níveis elevados em fevereiro. Em Cáceres, as cheias ocorrem entre fevereiro e março, recebendo contribuições intermediárias a jusante, alcançam Corumbá, entre maio e junho, e Porto Murtinho, entre julho e agosto.

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