Na Argentina, as chuvas voltaram em 2024 a partir da segunda quinzena de outubro, trazendo uma recuperação da quantidade de água nos solos. Porém, a partir da segunda quinzena de dezembro, começa uma forte redução, que persiste até agora.
O mapa de precipitação de dezembro ajuda a entender o impacto que a falta de água teve no milho, por exemplo, pois definiu a produtividade entre a segunda quinzena de dezembro e a primeira de janeiro, informa a Bolsa de Comércio de Rosário (BCR).
A BCR ressalta que para grande parte da área representada na imagem, essas são as últimas chuvas registradas até o momento.
O clima seco forçou as bolsas de grãos da Argentina, maior exportadora mundial de óleo e farelo de soja e terceira maior exportadora de milho, a cortar suas previsões para a safra atual.
Agências de notícias ouviram o agroclimatologista Eduardo Sierra, que assessora a bolsa de grãos de Buenos Aires, e este apresenta uma possibilidade não otimista: as colheitas de soja e milho provavelmente ficarão bem abaixo das previsões atuais, dependendo de quando as chuvas chegarem.
“Se começasse a chover agora, você poderia ter 45 milhões de toneladas de cada safra. A cada semana de fevereiro que passa sem chuva, você perde 5 milhões de toneladas a mais”, disse ele, estimando que tanto a soja quanto o milho acabariam perto de 40 milhões de toneladas.
A safra anterior produziu cerca de 50,2 milhões de toneladas de soja e 49,5 milhões de toneladas de milho.
Rio Grande do Sul
Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Rural (Emater) do RS, 75% da soja está com perdas ou em alerta. Cerca de 30% dos produtores estão com dívidas consideradas impagáveis.
E um alerta para o governo local e o governo federal:
Depois de chuvas devastadoras em 2024, a seca ameaça a produção de grãos e certamente afetará outras agriculturas e o desenvolvimento do gado.
O presidente da Aprosoja-RS, Ireneu Orth, afirma que o Rio Grande do Sul vive novamente uma situação difícil: “Nós temos regiões onde não chove há tempos e as plantas secaram, não temos água, chuvas escassas em todo estado. Percentual de quebra só saberemos mesmo quando começar a colheita. Até lá tudo é chute”.
A atual crise tem relação com o La Niña?
A situação vivida na parte sul da América do Sul quanto à falta de chuvas, quadro precedido de chuvas intensas, tem relação com a sequência El Niño – Fase Neutra – La Niña?
O Centro de Predição Climática/NOAA dos Estados Unidos caracterizou o La Niña a partir do início de janeiro, coincidindo aproximadamente com a redução de chuvas e calor intenso em regiões da Argentina e Rio Grande do Sul.
Questão final: a falta de chuvas têm contribuído para crises políticas sucessivas com a redução na produção de grãos?
A Argentina particularmente depende muito das safras para fazer dólares, mantendo sua economia rodando – menos grãos, menos dólares, mais crise política.
A situação do Brasil é distinta devido ao seu grande e diverso território. Caso a safra de grãos seja reduzida no Rio Grande do Sul ela é compensada pela produção em outras regiões. Teses a serem desenvolvidas.