- Leia o texto enviado por diretor da Ecoa para a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ).
Assisti a Audiência Pública Virtual sobre a Hidrovia Paraná Paraguai em território brasileiro. A partir do apresentado tenho a seguinte observação: a decisão é pela previsibilidade, mantendo o rio navegável durante todo o ano, mesmo durante os períodos e nas condições “severas” de seca. A referência apresentada para que se alcance tal propósito foi a das medidas mínimas da régua de Ladário (MS), a qual tem registros de 120 anos.
Problema: com as mudanças climáticas globais e seus efeitos visíveis em diferentes territórios, incluindo a bacia do rio Paraguai, onde está o Pantanal, as variações climático-hidrológicas estão rompendo com o que se tem como normalidade. A bacia teve duas secas em 5 anos (2020 e 2024), sendo a última delas a mais forte já registrada. Como podem garantir que eventos extremos, como os observados, não serão ainda mais extremos no futuro? Poderão garantir a “previsibilidade? Resposta: Não! A Hidrovia Tietê Paraná ficou 2 anos sem funcionar durante a crise hídrica de 2014/2016 na bacia do rio Paraná – milhares de caminhões com grãos tomaram as estradas de São Paulo. Em 2021/22, com outra crise hídrica, foram outros 8 meses, acarretando um prejuízo de mais de R$3 bilhões, em valores da época.
Finalizando: basear-se na régua de Ladário e seus 120 anos de medições dos níveis do rio Paraguai é equivocado, pois ela não capta o sucedido período a período em algumas sub-bacias de grande contribuição hídrica. Registro: em Asunción o rio Paraguai continua muito baixo. Pensem a Hidrovia de maneira tecnicamente adequada, sem garantir navegabilidade com imensos recursos públicos em dragagens.
Alcides Faria
Ecoa – Diretor.
10/03/2024
Leia mais em: Concessão de hidrovia no Pantanal e a audiência da ANTAQ – seis registros sobre o modelo