- 22 hectares de pastagens degradadas foram recuperados na Paisagem Modelo Pantanal;
- A recuperação traz diversos benefícios, incluindo redução do desmatamento.
Pastagens degradadas são áreas que foram produtivas, mas perderam a capacidade de produzir forragem para o gado. Essa degradação é caracterizada pela queda de biomassa mesmo em épocas de alta umidade.
As principais causas costumam ser manejo incorreto – como a superlotação de animais no pasto ou descanso insuficiente das áreas de pastagens – falta de adubação, seca prolongada, chuvas muito fortes e invasão de plantas daninhas que competem com as gramíneas. Esses fatores combinados podem levar à degradação do pasto e, consequentemente, do solo.
Na Paisagem Modelo Pantanal, 22 hectares de pastagem foram recuperados em propriedades da agricultura familiar no Assentamento Rural 72, em Ladário (MS), isso pode corresponder, em um cálculo simplificado e sem considerar diversos fatores, o sequestro de 132 toneladas de carbono por ano. Esse sequestro de carbono por ano equivale, por exemplo, às emissões geradas por cerca de 28 carros a gasolina circulando durante um ano. Assim, o sequestro dessas 132 toneladas por ano representa uma compensação relevante, que ajuda a equilibrar a pegada de carbono equivalente a diversas atividades cotidianas.
* A iniciativa foi realizada com o apoio do Serviço Florestal Canadense, e técnico da AGRAER (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul)
*Reforçando, que essa é uma conta simples que estabelece uma estimativa, sem considerar outros fatores que possam interferir no valor total de sequestro de CO2.
Benefícios da recuperação
Recuperar pastagens degradadas traz ganhos econômicos e ambientais. Estudos mostram que a intensificação de pastagens recuperadas pode multiplicar em 3 a 5 vezes a produção pecuária. Isso significa gerar muito mais alimento em áreas já usadas, sem necessidade de desmatar novas florestas. Além disso, a recuperação de pastagens aumenta a renda do produtor ao converter terras improdutivas em áreas úteis. Ambientalmente, pastos saudáveis fixam mais carbono no solo e reduzem emissões de gases de efeito estufa. Ao mesmo tempo, evita desmatar novas áreas e protege florestas e a biodiversidade local.
Áreas degradadas no Brasil
O Brasil possui uma vasta extensão de pastagens: estimativas recentes da Embrapa apontam entre 154 e 177 milhões de hectares em uso pecuário – aproximadamente o equivalente ao estado do Amazonas. Segundo o cálculo da Embrapa, cerca de 60% das pastagens apresentam degradação (40% em nível médio e 20% severo). Dados do MapBiomas de 2020corroboram, indicando que 53% dessas áreas têm sinais de degradação.
Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD)
O PNCPD, criado em dezembro de 2023 (Decreto nº 11.815/2023), é a estratégia federal para recuperar pastagens degradadas. Sua meta é converter até 40 milhões de hectares em 10 anos. Para isso, o programa oferece apoio técnico, pesquisa e linhas de financiamento para técnicas de manejo que promovam maior produtividade e captura de carbono. Entre as ações previstas estão a recuperação das próprias pastagens e o estabelecimento de cultivos temporários, florestas plantadas ou sistemas agroflorestais sobre esses solos.
O apoio inclui assistência técnica e linhas de crédito a produtores, captação de recursos (inclusive internacionais) via BNDES e outros para viabilizar a recuperação de pastagens degradadas. Produtores participantes devem estar regularizados (Cadastro Ambiental Rural) para ter acesso aos incentivos.
Pantanal Sul
Mato Grosso do Sul possui 12 milhões de hectares de pastagens degradadas, dos quais cerca de 4,7 milhões são considerados recuperáveis economicamente segundo a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação.
O Plano Estadual 2020-2030 fixou meta de recuperar 1,17 milhão de hectares nesse período. As ações do PNCPD complementam esses esforços estaduais, oferecendo suporte técnico e financiamento adicional aos produtores sul-mato-grossenses.