Agrotóxicos no Brasil: No ano de 2019 o governo brasileiro liberou um total de 325 agrotóxicos, valor mais alto desde 2005. Nos últimos três anos foram liberados 1.587 agrotóxicos no país, e, de acordo com a Anvisa, 40% dessas substâncias estão classificadas como extremamente ou altamente tóxicas.
No mundo: Uma pesquisa da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) feito pela consultoria de mercado Phillips McDougall, revela que o Brasil é o país que mais gastou com agrotóxicos em 2013, seguido pelos Estados Unidos e China. Em relação à área plantada e à produção, o Brasil fica atrás de Japão, União Europeia e EUA. Entre 2000 e 2010, cresceu em 100% o uso de pesticidas no planeta, no mesmo período em que chegou a quase 200% no Brasil.
Consequências no ambiente: A principal causa da morte de mais 50 milhões de abelhas em janeiro de 2019, foi o uso do inseticida fipronil, usado em lavouras de soja no sul do país. A substância foi proibida em países como Vietnã, Uruguai e África do Sul, após pesquisas comprovarem que o fipronil tem impactos negativos nas abelhas. Além dos efeitos letais, também pode causar alterações comportamentais e neurológicas em pássaros e abelhas.
Na saúde: Além de ser prejudicial aos animais, o uso dos agrotóxicos também é perigoso para a saúde humana. Isso se confirma já que o aumento do número de agrotóxicos registrados anualmente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) foi acompanhado de uma elevação das notificações do Sistema Único de Saúde (SUS) de pessoas intoxicadas por esses produtos. Esse aumento deixa os brasileiros mais expostos a enfermidades, como câncer, problemas reprodutivos e distúrbios comportamentais.
Vilma Santana, professora titular do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA) é autora de um levantamento que constatou que houve 1.309 mortes por intoxicação ocupacional provocada por agrotóxicos em trabalhadores rurais entre 2000 e 2009, levando a uma mortalidade de 0,39 por 100 mil no ano de 2009. “A mortalidade é pequena, mas no mundo desenvolvido, como na Inglaterra, um país que tem agricultura forte, nem se estima a mortalidade porque o número de casos de intoxicação aguda por agrotóxico é praticamente nulo”.
De 1990 a 2007, cerca de 30% dos suicídios foram atribuídos à intoxicação por agrotóxicos principalmente em países pobres e mais permissivos a agrotóxicos agressivos. O Instituto Nacional do Câncer relaciona entre os agravos neurológicos do contato com agrotóxicos, efeitos comportamentais e uma variedade de sequelas psiquiátricas.
Referências:
Setembro Amarelo: ligação entre suicídios e agrotóxicos deve ser debatida
Como uso de agrotóxicos sem orientação e proteção põe agricultores brasileiros em risco
Intoxicação por agrotóxicos aumenta com liberação de produtos pelo governo
Governo autoriza mais 63 agrotóxicos, sendo 7 novos; total de registros em 2019 chega a 325
Foto de Capa: (CREATIVE COMMONS / WUZEFE)