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Água e energia

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Via Folha de São Paulo

Os reservatórios das hidrelétricas não continham tanta água desde os anos em que o país passou a enfrentar secas graves recorrentes, em 2013-14. Na semana passada, as represas do Sudeste e do Centro-Oeste estavam com 56,4% de sua capacidade de armazenamento, ante 29,6% em fevereiro de 2021.

Assim, são remotos, no momento, o risco de crise e medidas drásticas de poupança de água, como se temia no ano passado.

Graças às chuvas, ao uso de energia caríssima de termelétricas e à importação de eletricidade, o Brasil conseguiu evitar, por pouco, o racionamento. Os custos desse programa de emergência, no entanto, permanecerão, assim como alguns dos problemas que estão na raiz da escassez enfrentada.

Tal escalada não foi suficiente para compensar a alta do custo para as distribuidoras. A conta será repassada aos consumidores, com juros, por tempo considerável ainda.

A expansão da capacidade de gerar energia deve ser expressiva neste ano, o equivalente a duas hidrelétricas de Jirau. A maior parte da eletricidade nova será de origem solar ou eólica, porém cerca de 65% das fontes disponíveis ainda eram hidráulicas em 2020 —dado mais recente, segundo a Empresa de Pesquisa Energética. É preciso, portanto, cuidar da água.

Apenas recentemente se deixou de considerá-la um recurso infinito no Brasil. Além de desperdícios, desvios, usos ilegais, cobrança precária ou inexistente e poluição, há problemas como o desmatamento, da Amazônia em particular.

O sistema elétrico é mal gerido, com distorções que incluem o excesso de impostos sobre o setor, os quais custeiam subsídios —alguns deles indevidos, como favores empresariais, e outros sociais.

Ademais, a má determinação de preços é uma ineficiência que afeta também o uso da energia e as decisões de expansão da capacidade.

Pouco se fala em mudança ampla do uso da água e da proteção desse recurso. O que se vê, na área ambiental, é o descaso escandaloso do governo Jair Bolsonaro (PL).

Uma outra seca pode colocar o país em situação crítica já em 2023, e o risco será ainda maior se, contra todas as expectativas, o país retomar crescimento econômico vigoroso. Reformas na gestão da eletricidade e da água levam tempo; por isso é preciso começar já.

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