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Ambientalistas criticam Lula por construção de hidrelétricas na fronteira boliviana

4 minutos de leitura

Texto originalmente publicado em: 17/12/07

Um grupo de ambientalistas foi detido pela polícia quando tentava chamar a atenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita à Bolívia, durante um protesto contra a construção de duas usinas hidrelétricas no rio Madeira, na fronteira entre Brasil e Bolívia, informou a imprensa boliviana nesta segunda-feira (17).

Segundo o jornal La Prensa, o incidente ocorreu na noite de domingo (16) nos arredores do palácio de governo boliviano, onde Lula estava reunido com seus colegas da Bolívia, Evo Morales, e do Chile, Michelle Bachelet, para lançar um corredor que unirá os oceanos Atlântico e Pacífico.

Os manifestantes criticaram Lula pela construção.

Os cinco ativistas presos pertencem ao Foro Boliviano do Meio Ambiente. Eles tentaram chegar às portas do palácio de governo com um cartaz onde podia-se ler: “não às represas de Lula no rio Madeira”.

De acordo com Lucy Chacollo, representante do movimento, a construção das gigantescas hidelétricas provocará “o desaparecimento de mais de 200 comunidades, além da fauna e da flora”.

O Brasil pretende construir duas represas, uma em Jirau (3.400 MW) e outra em Santo Antonio (3.150 MW), como parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O custo destas obras ficará entre 5,6 e 8,4 bilhões de dólares.

Para o governo brasileiro, as duas usinas não afetarão o ecosistema boliviano, já que ambas serão construídas no Brasil.

Comunidades indígenas e organizações não-governamentais (ONG), como o Fobomade, da Bolívia, já haviam solicitado na semana passada à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que intercedesse junto ao Brasil para suspender a construção de duas usinas hidrelétricas no Rio Madeira.

Segundo o Fobomade (Foro Boliviano de Meio Ambiente), o pedido foi encaminhado pelo secretário executivo da Federação de Camponeses de Pando, Manuel Lima, pelo presidente da Central Indígena da Região Amazônica da Bolívia, Raby Ortiz, e pela advogada da ONG, Evelyn Mamani.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu vitória ao consórcio Odebrecht-Furnas na licitação da obra, que tem custo estimado em US$ 5,5 bilhões.

O pedido dos bolivianos à CIDH, principal órgão da OEA (Organização dos Estados Americanos), com sede em Washington, visa a conseguir a suspensão das obras junto à chancelaria brasileira.

“O governo brasileiro tem omitido intencionalmente critérios de direitos para dar continuidade aos projetos hidrelétricos do Rio Madeira. O Brasil pretende continuar com a implementação das represas violando a notificação e a consulta prévia a outro Estado, portanto atentando contra o devido processo”, segundo comunicado da ONG entregue ao órgão da OEA.

Segundo o governo boliviano, as obras provocarão inúmeros impactos, como perda de vegetação, erosão do solo, deslizamento de terras, inundações, extinção de espécies aquáticas e aumento das doenças tropicais.

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