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Bacia que abastece área de transição entre Pantanal mato-grossense e Cerrado sofre ameaças do agronegócio

5 minutos de leitura

por Luana Luizy, Assessora de Comunicação, IEB.

 

Em meio às áreas de pressão do agronegócio, a bacia do Rio de São Lourenço, no estado do Mato Grosso, é uma das principais formadoras do Pantanal. Ela sofre com os constantes impactos na qualidade da água, vindos das hidrelétricas, das monoculturas de soja e do pasto, presentes na região.

“A bacia do Rio São Lourenço fornece 40% da água do Pantanal e abastece a bacia do Rio Cuiabá. Temos áreas do Cerrado, áreas de transição entre Pantanal e Cerrado. Essa região é atingida pela implantação de inúmeras Pequenas Centrais Hidroelétricas (PCHs), pela supressão de vegetação natural para a formação de pastagem e áreas de plantios, chácaras de lazer e áreas de assoreamento do Rio”, explica Cleberson Ribeiro, professor do Departamento de Geografia da UFMT.

A fim de promover a conservação da bacia, o projeto “Monitoramento da Qualidade em Multiescala na Bacia do Rio São Lourenço” (MT) – que foi desenvolvido pelo Departamento de Geografia da UFMT e pela Fundação de Apoio e Desenvolvimento da UFMT (UNISELVA), e que contou com o apoio do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF, na sigla em inglês) e do IEB – procurou investir em ações que contribuíssem para a proteção e a gestão dos recursos hídricos na região, de grande importância para as comunidades tradicionais, os indígenas e os assentados.

“Aprofundamos conhecimentos sobre os aspectos físicos e químicos dos mananciais da bacia do Rio de São Lourenço e desenvolvemos atividades de empoderamento das comunidades tradicionais para que pudessem participar ativamente na proteção e gestão dos recursos hídricos. O projeto é resultado de um esforço técnico científico para diagnosticar a situação atual dos recursos hídricos na bacia do Rio São Lourenço, detectar seus problemas e identificar os principais agentes que causam a sua deterioração”, explana Peter Zeilhofer, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).

Identificação da qualidade de água na Bacia do Rio São Lourenço. Foto: Acervo Departamento de Geografia UFMT
As ações do projeto voltaram-se para a Chapada dos Guimarães (MT), mas também envolveram outras cidades do estado de Mato Grosso, como Poxoréo, Dom Aquino, Tesouro, Jaciara, Santo Antônio do Leverger, São Pedro da Cipa, Juscimeira, Guiratinga, Rondonópolis, São José do Povo, Alto Garças, Pedra Preta, Itiquira, Primavera do Leste e Campo Verde.

Localizada em uma região de rica biodiversidade, uma vez que está em uma área de transição entre o Cerrado e o Pantanal, a bacia do Rio São Lourenço é de suma importância para as comunidades tradicionais. Porém, ela vem sendo impactada por intervenções decorrentes de transformações econômicas na região, como as Pequenas Centrais Hidroelétricas (PCHs), o turismo, a pesca e a diluição de esgotos.

Assim, o projeto possibilitou a redução dos conflitos de uso da água e incentivou o fomento para a proteção e a conservação, com o forte envolvimento de comunidades. “Os conflitos sociais impactam assentadas e assentados, povos indígenas e inúmeras comunidades de pescadoras e pescadores que vivem das águas da bacia”, afirma Cleberson.

 

Participação social

Como resultado do projeto com o CEPF e IEB, o aplicativo de Participação Social foi desenvolvido para monitorar e coletar dados georreferenciados pelas populações locais. Elas podem colaborar com denúncias e informes, aos órgãos responsáveis, sobre problemas causados por desmatamento, erosão e assoreamento.

Por meio desse aplicativo, o/a usuário/a pode participar de políticas públicas, reportando ao Comitê de Bacias Hidrográficas de sua região as agressões ao meio ambiente. O aplicativo pode ser facilmente baixado na Play Store.

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