Em operação desde julho, o Novo Banco do Desenvolvimento (NBD), nome oficial do banco de fomento criado pelos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), deve iniciar o financiamento de projetos ainda no segundo trimestre deste ano. A instituição trabalha com a meta de anunciar em abril ao menos um projeto em cada país membro. Segundo o vice-presidente da instituição, o brasileiro Paulo Nogueira Batista, já há uma missão do banco discutindo o financiamento a três usinas eólicas no País em parceria com o BNDES.
Batista participou nesta tarde de uma palestra na sede do BNDES, no Rio. Segundo ele, o banco já recebeu aportes em janeiro e tem hoje US$ 1 bilhão em caixa. Até o final do ano, a previsão é iniciar as operações financeiros com a meta estabelecida internamente de liberar financiamentos a até 20 projetos no valor de US$ 2,5 bilhões focados em infraestrutura e desenvolvimento sustentável, como em saneamento e energia renovável.
“A missão no Brasil está estudando uma linha de crédito em dólar vinculado especificamente a esses projetos de usinas. O crédito seria liberado ao BNDES que, então, faria o empréstimo ao tomador final. O risco final é do BNDES, quase um risco soberano”, afirmou o executivo.
Segundo Batista, o banco terá atuação fortemente atrelada aos bancos nacionais de desenvolvimento pela experiência e “visão comum dos problemas de desenvolvimento”. O executivo também indicou que a intenção é ter execução rápida dos financiamentos, em até seis meses, além de operações em moedas diversificadas, com prioridades às nacionais.
“Este é um banco de projetos que respeita a estrutura política dos países. Não vamos impor regras, mas garantir que haja projetos sólidos”, indicou. Batista também reforçou que, mesmo sendo um banco técnico, ele se insere em um projeto político dos países membros. “Ele reflete a ascensão desses países”, completou.
Novos integrantes. Após a estruturação das operações financeiras, o banco irá se debruçar sobre a abertura de novos integrantes. A estratégia desenhada até agora prevê duas categorias de novos membros: países desenvolvidos não tomadores de empréstimos e países em desenvolvimento. Pelo modelo apresentado, os países desenvolvidos teriam limite de 20% de participação no capital do banco e os emergentes de até 25%.
“Nosso acordo de fundação prevê proteções aos países fundadores. O poder de voto dos cinco integrantes não será reduzido a menos de 55%. Nenhum sócio individual terá mais de 7% de participação”, explicou Paulo Nogueira Batista. Segundo ele, já há demanda expressa da Grécia em ingressar no banco. “Não tenho dúvida que, quando abrirmos, haverá demanda. Mas queremos fazer isso com organização”.
O executivo ainda ressaltou a “cautela e humilde” do banco em sua etapa inicial, observando o funcionamento de outras instituições semelhantes. “Vamos começar pelo mais simples, com títulos internacionais e parcerias com instituições públicas que têm mais garantias”, afirmou.
O banco foi criado em 2014 pelos cinco países do Brics e iniciou as operações há sete meses. A sede está situada em Xangai, na China, e a governança é distribuída entre os países fundadores. Hoje, cerca de 50 pessoas trabalham na instituição.
Fonte: Estadão