Produção de André Nunes, Carolina Garcia e Talita Oliveira
Os “Big Five” do Pantanal referem-se a cinco dos animais mais emblemáticos e impressionantes do bioma, semelhante ao conceito popularizado na África. O Pantanal, que é a maior planície alagada do mundo e abriga uma rica biodiversidade, oferece oportunidades únicas de observá-los em seu habitat natural.
Na Paisagem Modelo Pantanal, localizada na borda oeste de Mato Grosso do Sul, essas espécies também podem ser avistadas. Cada um dos “Big Five” desempenha um papel crucial no equilíbrio ecológico e na saúde ambiental da Paisagem Modelo, contribuindo para a resiliência e sustentabilidade da paisagem.
Harpia
A harpia (Harpia harpyja), também conhecida como gavião-real, é a maior águia das Américas e é considerada a mais forte do mundo. Com um comprimento entre 90 e 105 centímetros e uma envergadura de cerca de 2 metros, as fêmeas pesam entre 7,6 e 9 kg, sendo bem maiores que os machos, que pesam entre 4 e 4,8 kg.
No Brasil, essa espécie está categorizada como vulnerável à extinção. As maiores populações estão na Amazônia, enquanto na Mata Atlântica os registros são espalhados em paisagens marcadas pela perda e fragmentação de habitat.
No Mato Grosso do Sul, os registros são ainda mais escassos, com ocorrências apenas em Bonito, Bodoquena, Aquidauana e, recentemente, em Corumbá, na região do Maciço do Urucum. Em abril deste ano, a bióloga Yasmin Aguero, do projeto Primatas do Urucum, confirmou a presença de um casal na área. E se há um casal, provavelmente há um ninho.
Após esse registro, iniciaram-se as buscas para a conservação da espécie em uma região de exploração de minério de ferro.
Estão envolvidos nesses esforços proprietários rurais e uma equipe de biólogos, incluindo Tiany Duran, Jennyffer Asseff, Yasmin Aguero, Carolina Garcia e as empresas parceiras Sauá Consultoria Ambiental, Icterus ecoturismo, Ateliê Verde Inspira, além do projeto Harpia Brasil, através da pesquisadora Tânia Sanaiotti, que tem compartilhado conhecimentos e ajudado a mapear a localização desses animais.
Reconhecendo a importância da espécie e a relevância biológica desses registros, a Paisagem Modelo Pantanal tem apoiado o início das pesquisas sobre a harpia no Maciço do Urucum, uma iniciativa que iremos apresentar em breve.
Algumas das fotografias da harpia foram feitas pela bióloga Tiany Duran durante um trabalho de campo. Ela relata que a ave surgiu e pousou em uma árvore em sua frente. “Foi uma experiência profundamente emocionante e significativa. A harpia, com sua imponência e majestade, é uma ave que infelizmente está quase ameaçada de extinção, principalmente devido ao desmatamento das florestas que destroem seu habitat”.
Tiany também explica que a região onde a harpia foi avistada exemplifica a importância de preservar nossos ecossistemas. “As florestas dessa área são cruciais não apenas para a harpia, mas para inúmeras outras espécies. A destruição dessas florestas ameaça a biodiversidade local e a saúde do planeta. Preservar as florestas do Maciço do Urucum é essencial para garantir a sobrevivência da harpia e de muitas outras espécies”.
Quem são os Big Five do Pantanal
Onça-pintada (Panthera onca): A onça-pintada é o predador de topo no Pantanal e um símbolo de força e resiliência. Ela percorre vastos territórios e seu papel como caçadora ajuda a controlar as populações de presas, mantendo o equilíbrio ecológico. A presença da onça-pintada também é um indicador da saúde ambiental da região, pois ela precisa de grandes áreas preservadas para sobreviver.
Cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus): O maior cervídeo da América do Sul pode ser encontrado em áreas alagadas. Ele possui um casco característico que o ajuda a andar em solo lamacento e até a nadar.
Anta (Tapirus terrestris): A anta é o maior mamífero terrestre da América do Sul. Com seu corpo robusto e tromba curta, é um dos habitantes mais antigos e importantes ecologicamente do Pantanal. Além disso, desempenha um papel importante na dispersão de sementes.
Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla): O maior dos tamanduás leva esse nome por ter uma cauda que se assemelha a uma bandeira. Quando se sente ameaçado, ele muda de postura, apoia-se nas patas traseiras e abre os braços preparado para se defender com suas garras afiadas.
Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris): O maior roedor do mundo é comum no Pantanal. As capivaras vivem em grupos e alimentam-se de grama, plantas aquáticas e costumam viver próximas da água. Quando se sentem ameaçadas, emitem um alarme e mergulham na água para despistar o predador.
Observação: Há divergências sobre quais são os “Big Five” do Pantanal, a referência utilizada aqui foi o Onçafari.