Texto originalmente publicado em: 01/10/09
Mais de 54% das 13 associações representativas dos agentes do setor elétrico brasileiro consideram que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem capacidade de atender às demandas de financiamento do setor.
O dado consta da 3ª Sondagem sobre Tendências do Setor Elétrico, divulgada hoje (29) pelo Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ), no 6º Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase 2009).
A pesquisa comprova que o banco é visto como o principal responsável pelo financiamento do setor elétrico no país. Por ser um setor de capital intensivo, necessita muito de investimento, conforme destaca o coordenador do Gesel, Nivalde de Castro. Outros 30% consideram que o volume de investimento excederá a capacidade de financiamento do BNDES, enquanto 15% acreditam que a disponibilidade de crédito poderá ser uma ameaça para a expansão do setor.
Quando perguntadas sobre o mercado de capitais, 85% das associações responderam que os debêntures (títulos de dívida de médio e longo prazos) e as notas promissórias podem desempenhar um papel maior no financiamento. “Isso está indicando que os agentes têm a clara percepção de que o setor tem o marco regulatório institucional muito sólido, que permite obter financiamento no mercado de capitais”, disse Castro. Apenas 7% disseram que não veem em debêntures e notas como formas importantes de financiamento do setor.
Sobre o mercado acionário de forma específica, 70% creem que terá papel relevante no financiamento do setor elétrico. Os economistas do Gesel avaliaram que, na percepção dos agentes, as empresas pretendem lançar ações no mercado e vão recorrer às debêntures para financiar suas atividades. “É sinal de que as coisas, nesse setor, estão dando certo”, analisou o coordenador.
Para o período compreendido de 2010 a 2013, o custo do financiamento será menor para 47% dos entrevistados, igual para 23% deles e maior para outros 23%. De acordo com Castro, esse é um sinal positivo para o setor. “A gente pode concluir que os agentes têm a clara percepção de que o financiamento não vai ser problema para a expansão do setor elétrico. Porque eles vão ter condições de se financiar, vão poder ter o BNDES, vão poder recorrer ao mercado de capitais e de ações via debêntures, etc. E o custo do financiamento vai ser igual ou, principalmente, menor do que foi no passado.”
A atuação do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, foi elogiada pela maioria dos consultados. Para 54%, o ministério teve uma postura mais ágil e flexível com relação ao licenciamento ambiental para os projetos do setor elétrico entre 2008 e 2009. “Estão reconhecendo que o Minc está fazendo um trabalho positivo”, disse Castro.