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BNDES vai rever condições de financiamento de infraestrutura

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Revista Exame

 

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pretende rever suas premissas de financiamento, segundo a presidenta da instituição, Maria Silvia Bastos.

A revisão pode acarretar redução da participação do BNDES, que chegou a até 80% em alguns negócios subsidiados pelo banco público. O BNDES é responsável por financiar setores estratégicos para economia brasileira, oferecendo melhores condições que os bancos privados.

“Rever, pode ser até ficar igual, mas vamos rever”, disse  a presidenta da instituição em palestra na Fundação Getulio Vargas, no Rio. “O ambiente é extremamente propício, todo mundo quer fazer isso, provavelmente, alguma novidade deve vir”, completou Maria Silvia.

Caso haja alterações nas premissas de financiamento, um dos primeiros setores a serem impactados será o elétrico, que tem leilões para a transmissão e geração de energia marcados para setembro.

Por isso, as mudanças estão sendo discutidas com o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Uma reunião entre os órgãos será feita nos próximos dias para “revisitar o que está indo bem e o que precisa ser revisitado”, segundo Maria Silvia. A presidenta do BNDES defende medidas que aumentem a concorrência.

Participação privada

Diante da possibilidade de reduzir o percentual de financiamento do BNDES em investimentos de infraestrutura, a executiva quer induzir também o aumento da participação do setor privado nesses negócios. Segunda Maria Silvia, “tem muito dinheiro sobrando [no mercado]”.

“Olha, o papel do BNDES também é de coordenação em relação ao mercado de capitais. Existe uma crítica muito grande, que, em alguma medida, deve ser verdadeira, que o banco, ao ser tão presente e tão forte nos financiamentos, acaba deixando o setor privado de lado”, avaliou.

A presidenta do banco também comentou a possibilidade de venda de ações do BNDESpar, subsidiária responsável por gerir as participações do BNDES em empresas privadas e uma das principais fontes de recursos da instituição. Segundo ela, a proposta está sendo analisada, mas “nada será feito de qualquer maneira”.

“Estamos estudando a carteira para entender todos os ativos que temos. Se, em algum momento, entendermos que aquele investimento está na hora de ser desmobilizado, vamos fazer, até porque, o objetivo da carteira é sempre apoiar novos projetos.”

Privatizações na década de 1990

De volta ao BNDES, de onde saiu após o impeachment do ex-presidente da República Fernando Collor de Mello, que fez uma série de privatizações no país, Maria Silvia disse nesta quarta-feira que o banco teve papel central nas concessões ao setor privado nas últimas décadas.

Apesar de reconhecer problemas, como na privatização de telefonia, cujos serviços até hoje são criticados pelos clientes pelo alto custo, Maria Silvia avaliou que vendas de empresas públicas na década de 1990 ajudaram a “alavancar companhias deficitárias”.

A executiva citou a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), da qual foi presidente, e que antes de privatização, tinha uma déficit de U$ 400 milhões. Por outro lado, lembrou, o número de funcionários da companhia, uma das maiores do segmento na América Latina na época, diminuiu de 22 mil para 9 mil.

“Olhando para trás, existem críticas, as pessoas falam, sempre dá para aperfeiçoar, mas foi um trabalho muito bem-feito, que colocou o país em outro patamar”, disse a presidenta do BNDES sobre o modelo adotado por Collor, que usou as dívidas das empresas estatais “como moeda na privatização”.

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